Quinta-feira, 05 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de junho de 2025
O dólar recuou 0,75% nessa segunda-feira (2), e fechou a sessão cotado a R$ 5,6750. O Ibovespa encerrou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos.
Os investidores continuaram a monitorar os impasses do governo em relação ao aumento do IOF. Em meio a pressões do Congresso para derrubar a medida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nessa segunda que é possível “melhorar” a regulação do imposto com novas alterações, assim como “corrigir outras distorções” relativas a tributos do sistema financeiro.
Além disso, o mercado também continuou a repercutir a revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s, que passou de “positiva” para “estável”. A justificativa dada pela agência foi a dificuldade do governo de controlar os gastos e pagar a dívida pública.
Já no exterior, o vai e vem das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuou a mexer com os mercados. Nesta semana, o destaque ficou com a notícia de que o governo norte-americano quer que os países apresentem propostas “melhores” nas negociações das tarifas até a esta quarta-feira (4).
IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio.
A medida foi anunciada em 22 de maio, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo seria equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Nessa segunda, Haddad disse que os ajustes em tributos, necessários para fechar as contas do orçamento de 2025, têm de ser tratados em conjunto com reformas estruturais — ou seja, com mudanças permanentes em regras para gastos públicos.
“Nós sabemos o que precisa ser feito. Precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E, diante do que eu ouvi, acredito que nessa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, mas aí combinado com as questões estruturais. Não dá para dissociar mais uma coisa da outra”, afirmou.
“Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram”, declarou.
Classificação da Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s anunciou na sexta-feira (30) a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do País foi mantido em Ba1, um nível abaixo do chamado grau de investimento.
Segundo a agência, a piora na perspectiva está relacionada às contas públicas, especialmente à “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida”.
Além disso, a Moody’s citou:
* o avanço mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos públicos e na construção de credibilidade fiscal;
* a capacidade limitada do governo de reduzir significativamente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar a dívida no curto prazo;
* e a estrutura da dívida pública, atrelada a juros variáveis e à inflação, o que torna o perfil fiscal altamente sensível às oscilações das taxas de juros.
Para a Moody’s, esses desafios limitam o potencial de crescimento do investimento e do Produto Interno Bruto (PIB), além de dificultarem o avanço das reformas econômicas “que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil”.
Após a divulgação, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso “com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”.
Tarifas
Por fim, os desdobramentos da nova política tarifária de Trump continua a mexer com os mercados financeiros.
Nessa segunda, o governo do presidente norte-americano indicou que vai pressionar os países para que apresentem propostas “melhores” nas negociações comerciais com os EUA. A informação consta em um rascunho de carta da gestão Trump, direcionada a nações que mantêm tratativas sobre as tarifas.