Domingo, 03 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de julho de 2025
O dólar fechou em forte queda de 0,79% nessa quarta-feira (23), cotado a R$ 5,522, com os investidores atentos às negociações comerciais de Donald Trump com o Brasil e outros países do mundo. Já a Bolsa fechou em disparada de 0,99%, aos 135.368 pontos, puxada para cima pelos ganhos da Petrobras.
No cenário internacional, a expectativa de que os EUA e a UE (União Europeia) firmem um acordo comercial animou os investidores. Segundo relatos de diplomatas europeus, o acordo deve definir uma taxa de 15% sobre os produtos da UE importados para os EUA, evitando uma tarifa mais severa de 30% prevista para ser implementada a partir de 1º de agosto.
Na noite de terça (22), o presidente norte-americano já havia anunciado um acordo comercial com o Japão, que definia uma redução de 24% para 15% da tarifa cobrada sobre os produtos do país. Há duas semanas, o republicano havia ameaçado aumentar a taxa para 25%.
O acordo com o Japão foi acompanhado de outros com a Indonésia e as Filipinas, que conseguiram reduzir as tarifas impostas sobre suas exportações em troca de uma redução das taxas sobre produtos americanos importados.
Em acordo celebrado na semana passada, a Indonésia concordou em eliminar tarifas sobre mais de 99% de produtos dos EUA. Os EUA reduzirão as tarifas sobre a maior economia do Sudeste Asiático de 32% para 19%.
A taxa é igual à anunciada para as Filipinas também nesta terça, que prometeu zerar as tarifas sobre produtos americanos, segundo publicação de Trump no Truth Social. A taxa para o Vietnã foi fixada em 20%.
Cenário doméstico
Na cena doméstica, as incertezas sobre as negociações comerciais entre Trump e Brasil seguiram marcando o dia. Com pouco mais de uma semana para o prazo final do acordo, os canais de negociação formais entre o governo brasileiro e o americano continuam fechados.
O governo do Brasil enviou uma carta pedindo a negociação e não teve resposta — e segue sem previsão de ter. Com este cenário, integrantes do governo Lula começam a duvidar de uma reversão das sobretaxas antes de 1º de agosto.
Além disso, o governo e o empresariado já estudam formas de reagir à medida do governo americano, caso ela se efetive.
As tarifas extras já impostas por Trump derrubaram a venda de carne bovina brasileira para os americanos em 80% em menos de três meses.
Segundo Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, apesar da incerteza nas negociações entre EUA e Brasil, o dólar e a Bolsa durante o dia se beneficiaram de uma tendência global com os acordos comerciais de Trump. “O Ibovespa acompanhou esse otimismo, puxado principalmente pela Petrobras”.
Nessa quarta, a estatal anunciou, em comunicado ao mercado, que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) aprovou um acordo para produção compartilhada no pré-sal de Jubarte, localizada na Bacia de Campos. Com isso, a Petrobras passará a ter uma participação na jazida de 97,25%.
A Weg, por outro lado, pesou sobre o índice, com queda de 7,62% ao longo do pregão. A empresa revelou um lucro líquido de R$ 1,59 bilhão no segundo trimestre, crescimento abaixo do projetado pelo mercado.
Patrick Buss, operador de renda variável da Manchester Investimentos, os acordos comerciais dos EUA tem reduzido as tarifas e colocado uma pressão menor sobre o dólar. Para ele, a liberação do governo Lula para o Orçamento também impactou positivamente o mercado.
O anúncio da medida foi feito pelo governo Lula na última terça. Segundo o governo, a decisão foi possível porque houve melhora nas expectativas de arrecadação em 2025.
A medida deve gerar alívio em ministérios, que poderão executar uma parcela maior de investimentos e despesas de custeio administrativo, e também vai destravar uma parte das emendas parlamentares, verbas usadas pelos congressistas para bancar ações em seus redutos eleitorais.
Em maio, a equipe econômica precisou fazer uma contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas.
Investidores também permanecem atentos a situação judicial de Jair Bolsonaro (PL), que está no centro do atrito entre EUA e Brasil. Na última terça, a defesa do ex-presidente negou ter descumprido a determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes que o impediu de conceder entrevistas que fossem divulgadas pelas redes sociais. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)