Domingo, 12 de outubro de 2025

Economistas melhoram o cenário para a inflação brasileira

A inflação acelerou menos do que o esperado em setembro e contribuiu para mais alguns economistas ajustarem suas projeções de 2025 para baixo.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, subiu 0,48% em setembro, após recuar 0,11% em agosto, conforme divulgou hoje o IBGE. A taxa ficou acima da de setembro de 2024 (0,44%) e é a maior para o mês desde 2021 (1,16%), mas veio abaixo da expectativa mediana do VALOR DATA, de 0,52%.

No ano até setembro, a alta é de 3,64%. No acumulado em 12 meses, a inflação avançou ligeiramente, para 5,17%, de 5,13% até agosto, mas também ficou abaixo da expectativa de 5,21%. “A gente não esperava uma convergência da inflação de forma consistente. Na verdade, a nossa expectativa é que essa convergência se dê apenas a partir de outubro”, afirma Mirella Hirakawa, coordenadora de pesquisa da Buysidebrazil.

Ela diz que a composição do IPCA em setembro se mostrou melhor que as suas expectativas “e possivelmente muito melhor que as expectativas do mercado”. Algumas casas revisaram suas projeções de 2025, como o Barclays (para 4,6%, de 4,9%), a XP (para 4,7%, de 4,8%) e o J.P. Morgan (para 4,7%, de 4,9%). A meta de inflação é 3%, com tolerância de até 4,5%.

Após a divulgação do IPCA de setembro, a equipe do Bradesco, liderada por Fernando Honorato, reforçou a visão de uma “trajetória mais benigna da inflação em direção à nossa projeção de 4,5%, no limite superior do intervalo da meta para o ano”, revisão que foi apresentada na semana passada.

Das nove classes de despesas analisadas, quatro aceleraram de agosto para setembro: habitação (de -0,90% para 2,97%); alimentação e bebidas (de -0,46% para -0,26%); transportes (de -0,27% para 0,01%); e despesas pessoais (de 0,40% para 0,51%). Foi observada desaceleração em artigos de residência (de -0,09% para -0,40%); vestuário (de 0,72% para 0,63%); saúde e cuidados pessoais (de 0,54% para 0,17%); educação (de 0,75% para 0,07%); e comunicação (de -0,09% para -0,17%).

A difusão, que mede a proporção de itens com aumento de preços, caiu para 52,3% em setembro, de 56,8% em agosto, segundo cálculos do Valor Data.

O principal fator altista para o IPCA de setembro foi a energia elétrica residencial, que subiu 10,31%, após recuar 4,93% em agosto, e respondeu por 0,41 ponto percentual (p.p.) do índice geral. A alta reflete a devolução do chamado “bônus de Itaipu”, que gerou desconto nas faturas de agosto, e a bandeira tarifária vermelha 2, além de reajustes de tarifas em algumas capitais. Com isso, os preços de habitação, que inclui energia, tiveram a maior alta para setembro em 30 anos.

Fazendo uma “correção” nos impactos da energia, o IPCA entre agosto e setembro teria ido de 0,06% a 0,07%, estima Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. “Outra forma de expurgar essa influência seria observar apenas os ‘preços livres’, que passaram de 0,07% em agosto para uma deflação de 0,01% em setembro”, diz.

O grupo alimentação e bebidas teve o quarto mês seguido de queda, ainda que menos intensa do que em agosto (-0,46%). Em quatro meses, a contração é de 1,17%. “A oferta de alimentos ‘in natura’ está maior, então, traz essa pressão para uma variação negativa”, diz Fernando Gonçalves, do IBGE.

Dentro do grupo, a alimentação no domicílio caiu menos em setembro (-0,41%) do que em agosto (-0,83%). A alimentação fora de casa, por sua vez, desacelerou a alta para 0,11%, de 0,50% em agosto, com a refeição em restaurantes passando a recuar 0,16%, depois de subir 0,35% no mês anterior. Foi a primeira queda das refeições em mais de cinco anos, observa Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays. A última retração havia sido em agosto de 2020 (-0,56%), na pandemia.

Secemski destaca também os transportes, pressionados pelos combustíveis, mas beneficiados pela queda “anormalmente grande” nos seguros de veículos (-6%), que já havia aparecido na prévia da inflação, o IPCA-15. “A razão por trás desse movimento ainda não está clara para nós, o que levanta questões sobre se uma recuperação poderia ser esperada nas próximas leituras ou se esse foi um movimento permanente”, afirma.

O economista do Barclays menciona ainda as despesas pessoais, que subiram em setembro conforme a queda temporária em cinemas, após promoções, começou a ser revertida, passando de -4% em agosto para 2,8% no mês seguinte.

A deflação em seguros de veículos e o alívio na alimentação fora de casa contribuíram, junto com passagens aéreas, para a desaceleração em serviços, para 0,13% em setembro, de 0,39% em agosto, diz Secemski. (Com informações do Valor Econômico)

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