Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 24 de novembro de 2025
Analistas consultados pelo Banco Central (BC) reduziram ainda mais a projeção para a inflação neste ano e passaram a ver a taxa básica de juros mais baixa ao final de 2026, mostrou a pesquisa Focus nesta segunda-feira (24).
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a Selic ao final do próximo ano passou agora a 12%. Na semana passada, ela era de 12,25%.
Houve também uma redução na previsão da taxa de juros para 2028, que foi de 10% para 9,75%. Para 2025, a estimativa segue em 15%, mantendo assim o atual patamar na última reunião, em 9 e 10 de dezembro. A Selic em 2027 permanece em 10,5%.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que a expectativa para a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 caiu em 0,01 ponto percentual, a 4,45%, indo um pouco mais abaixo do teto da meta.
Para 2026 a perspectiva caiu em 0,02 ponto, a 4,18%, mas para os dois anos seguintes as projeções foram mantidas em 3,8% (2027) e 3,5% (2028).
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta para a inflação é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
A melhora na previsão veio após o resultado da inflação de outubro (0,09%), anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), ser a menor para o mês, desde 1998. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses, findando em outubro, ficou em 4,68%.
Foi, portanto, a primeira vez, em oito meses, que o patamar apresentado ficou abaixo da casa de 5%.
A revisão do Boletim Focus para o IPCA de 2025 estava em 4,56% há quatro semanas; e em 4,46% na semana passada.
Para o PIB (Produto Interno Bruto), as estimativas de crescimento este ano e no próximo permaneceram em 2,16% e 1,78%, respectivamente.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros – a Selic – definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O recuo da inflação e a desaceleração da economia levaram à manutenção da Selic pela terceira vez seguida, na última reunião, no início deste mês.
No entanto, o Copom não descarta a possibilidade de voltar a elevar os juros “caso julgue apropriado”.
Em nota, o BC informou que o ambiente externo se mantém incerto por causa da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais.
Já no Brasil, a autarquia destacou que a inflação continua acima do centro da meta (3%), apesar da desaceleração da atividade econômica, o que indica que os juros continuarão alto por bastante tempo.
A estimativa dos analistas de mercado é, há 22 semanas, de que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano. No entanto, foi revista para baixo nas projeções para 2026, passando dos 12,25% projetados nas semanas anteriores, para 12% nesta edição do boletim. Para 2027, as projeções estão estáveis, em 10,50%.
Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida; e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Os bancos ainda consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.