Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de março de 2024
O desempenho do setor de serviços superou as estimativas, com um alta de 0,7%. Para os economistas, isso é efeito especialmente do mercado de trabalho aquecido e dos ganhos salariais. Com isso, as projeções para o PIB do 1º trimestre estão sendo revistas para cima.
A geração mais alta que o esperado de vagas formais de emprego em janeiro, também divulgada pelo Caged, ajudam a comprovar a tese.
João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, destacou não só os dados mais fortes que o esperado em janeiro, mas também a revisão para cima dos dados anteriores. “A alta foi disseminada e a única queda do mês, em serviços prestados às famílias, pareceu mais uma acomodação das altas registradas nos meses anteriores”, comentou.
Ainda que o economista mantenha uma visão que o setor de Serviços deva ter uma desaceleração compatível com a acomodação do ritmo de crescimento da atividade, dada a base de comparação elevada, o tracking interno da Kínitro para o PIB no 1º trimestre cresceu e passou a apontar um crescimento de 0,6% na comparação trimestral e de 2,2% na anual.
Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, também chamou a atenção para a alta disseminada e comentou que, até mesmo os serviços prestados às famílias – o único segmento que mostrou queda na margem – vinha de um número muito forte no acumulado dos últimos três meses.
Para o economista, essa dupla divulgação de atividade aquecida (varejo e serviços) comprova leituras que vinham sendo feitas. “O mercado de trabalho mais aquecido, principalmente com os salários, que tem sido uma preocupação do Banco Central, tem se traduzido em uma atividade mais forte até o momento. A gente observa também a melhora nas condições de crédito”, acrescentou.
Setores envolvidos
Rodolfo Margato, economista da XP, acrescenta que o setor de serviços ganhou força nos últimos meses, o que mostra sinais positivos tanto para o varejo, como para a indústria de manufatura e a construção, considerados setores sensíveis ao ciclo econômico. “Esperamos que o setor de serviços como um todo cresça 2,7% em 2024, após o ganho de 2,3% registrado em 2023”, previu
Após os dados divulgados pelo IBGE na semana, o tracker da XP para o crescimento do PIB no 1º trimestre de 2024 melhorou, de 0,7% para 0,8%, ante o 4º trimestre de 2023. E de 2,3% para 2,5% ante o 1º trimestre de 2023.
Claudia Moreno, do C6 Bank, que também destacou o aquecimento da atividade nesse início de ano, é outra economista a creditar boa parte da expansão divulgada o mês como reflexo do bom momento do mercado de trabalho e do aumento da massa salarial. “Também entendemos que os estímulos fiscais, como o pagamento de precatórios, podem estar estimulando a atividade”, acrescentou.
O C6 Bank elevou sua projeção de crescimento do PIB de 2024 de 2,2% para 2,4%.
Risco inflacionário
Matheus Pizzani, da CM Capital, alertou que a alta do serviços técnico-profissionais pode ser uma sinalização positiva para o desempenho do PIB como um todo, mas também podem ter impactos negativos sobre a dinâmica inflacionária.
“Os serviços profissionais como um todo apresentaram em janeiro crescimento mais elevado que nos três trimestres anteriores, indicando uma demanda aquecida em um ambiente em que a inflação de serviços, e especialmente os serviços subjacentes, tem gerado preocupação há pelos menos dois meses”, lembrou.
Para ele, embora ainda não haja evidências suficientes para indicar que este movimento deve preocupar em termos de inflação, sua manutenção ao longo do tempo e a resiliência da inflação de serviços podem causar algum impacto em termos de política monetária.
“Este cenário não está contemplado nas projeções da CM Capital. Seguimos projetando uma queda da inflação de serviços ao longo do ano, acompanhada de maneira paulatina pela desaceleração do nível de atividade do setor”, comentou, interpretando o resultado de janeiro como movimento pontual e sem força suficiente para se tornar perene.