Sábado, 06 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de setembro de 2025
Não é só em Brasília que a discussão sobre a anistia tem dominado o cenário político. O tema também esteve no centro do encontro realizado na última quinta-feira (4), em Washington, entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-apresentador da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, com integrantes do alto escalão do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Durante a reunião, estiveram presentes o subsecretário de Diplomacia Pública da gestão Trump, Darren Beattie, e o conselheiro sênior para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Ricardo Pita. Segundo relatos, Eduardo Bolsonaro abordou as iniciativas de parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de líderes do Centrão, no sentido de promover uma anistia ampla e irrestrita que possa beneficiar seu pai e outros condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023.
De acordo com informações divulgadas, o deputado mencionou nominalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, estariam se opondo à proposta de anistia. Eduardo afirmou às autoridades norte-americanas que alguns ministros estariam “ameaçando” parlamentares para impedir o avanço da pauta no Congresso Nacional. Ainda segundo ele, esse comportamento estaria relacionado ao julgamento em curso na Primeira Turma do STF, que analisa suposta tentativa de golpe envolvendo Jair Bolsonaro e outros aliados.
“O que estamos vendo é um movimento para silenciar o debate político. Há ministros que estão pressionando parlamentares com o objetivo de barrar qualquer discussão sobre anistia”, teria dito Eduardo, segundo interlocutores que acompanham o caso.
Conforme noticiado pelo jornal O Globo, ministros do STF avaliam como improvável a aprovação de qualquer projeto de anistia que inclua Jair Bolsonaro. Na visão dos magistrados, mesmo que uma proposta avance no Congresso, o texto deverá ser questionado no Judiciário e considerado inconstitucional. O entendimento da Corte é que crimes como tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito não são passíveis de perdão por meio legislativo.
A visita foi interpretada por analistas políticos como um gesto simbólico da gestão do ex-presidente Donald Trump, demonstrando que continua acompanhando de perto os desdobramentos políticos no Brasil — tanto no campo jurídico, com os julgamentos no STF, quanto no legislativo, com as articulações sobre a anistia.
No mês passado, Darren Beattie publicou nas redes sociais uma mensagem em tom crítico, na qual alertou ministros do STF a “não apoiarem” o ministro Alexandre de Moraes. Já o conselheiro Ricardo Pita havia se encontrado com Jair Bolsonaro em maio, durante visita a Brasília. (Com informações da colunista Bela Megale, do jornal O Globo)