Quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de setembro de 2025
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nessa terça-feira (23) que a fala de Donald Trump sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sobre a relação dos Estados Unidos com o Brasil mostra “a genialidade” do republicano como negociador.
Para Eduardo Bolsonaro, os elogios fazem parte das “estratégias de negociação” do norte-americano e “nada do que aconteceu foi surpresa”.
Durante discurso, Trump relatou que se encontrou com Lula durante a Assembleia-Geral da ONU e que ele e o petista tiveram “uma química excelente”. Ele afirmou ainda que o presidente brasileiro “pareceu um cara muito agradável”.
Segundo Trump, ele e o petista marcaram um encontro na próxima semana para debater as retaliações que os EUA vêm aplicando ao Brasil em reação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump declarou ainda que o Brasil vai mal sem os Estados Unidos.
“Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações”, disse.
“Depois disso, sorriu e mostra-se aberto a dialogar em uma posição infinitamente mais confortável, fiel àquilo que sempre defendeu: os interesses dos americanos em primeiro lugar. É a marca registrada de Trump: firmeza estratégica combinada com inteligência política. Por isso, longe de causar espanto, sua postura reafirma, mais uma vez, sua genialidade como negociador”, acrescentou Eduardo Bolsonaro.
O deputado – que está nos Estados Unidos e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em razão de sua atuação contra o Brasil e o processo contra o seu pai no Supremo Tribunal Federal (STF) – disse ainda que Trump entra na mesa de negociações “quando quer, da forma que quer e na posição que quer”.
E que líderes como Lula assistem às ações de Trump “impotentes” e incapazes de influenciar “o jogo global”.
Para Eduardo, Lula tem a obrigação de “aproveitar a rara oportunidade de se sentar com Trump” com a “difícil missão de extrair algo positivo” da conversa.
O filho de Bolsonaro destacou a fala de Trump sobre o Brasil ir mal sem os Estados Unidos e disse que essa declaração reforça a crença dos bolsonaristas na “anistia ampla, geral e irrestrita” a envolvidos no 8 de Janeiro.
Lula e Trump têm trocado críticas nos últimos meses, em especial desde que os EUA sobretaxaram em 50% produtos brasileiros, com o argumento de que Bolsonaro sofria uma “caça às bruxas”.
O tarifaço marcou o pior momento das relações entre Brasil e EUA nas últimas décadas. Na segunda-feira (22), houve uma nova rodada de sanções do governo americano a cidadãos brasileiros, como a punição financeira à esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes.
No início do mês, o Supremo condenou Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por liderar uma trama golpista e tentar se manter no poder.
Reveses
Eduardo Bolsonaro fez a avaliação sobre as colocações de Trump em um dia de reveses na Câmara dos Deputados.
Nessa terça, o Conselho de Ética da Casa abriu um processo que pode levar à cassação do deputado do PL por condutas incompatíveis com o mandato parlamentar. Ele é alvo de uma queixa que o acusa de trabalhar em defesa de sanções dos EUA para “desestabilizar instituições republicanas” do Brasil.
Também nessa terça, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou a indicação, feita por bolsonaristas, de Eduardo para a liderança da minoria na Câmara.
Com a medida, Motta abriu caminho para que faltas de Eduardo Bolsonaro, que mora nos Estados Unidos desde fevereiro, continuem sendo contabilizadas, o que também pode levar à perda do mandato parlamentar.