Sábado, 31 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de maio de 2025
Aliados do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) dão como certa sua permanência nos Estados Unidos e já falam em campanha eleitoral a distância em 2026, após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), abrir um inquérito para investigá-lo.
Eduardo deixou o País em março, alegando temor de que o ministro mandasse apreender seu passaporte. À época, ele não era investigado, o que levou sua decisão a ser questionada por aliados e, inclusive, pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A avaliação era de que Eduardo passaria a impressão de que estaria fugindo. Agora, nova ofensiva do Judiciário deu a ele argumento de perseguição, segundo aliados.
Um homem está segurando um grande cartaz que contém várias fotos de pessoas. O cartaz tem a frase “LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DO BRASIL” em destaque na parte superior. O fundo da imagem é azul e há um texto visível em uma tela ao fundo, mas não é legível. O homem está vestido de forma formal e parece estar em um evento público.
De acordo com o regimento da Câmara, Eduardo tem direito à licença por interesse particular por 122 dias, o que o obriga a retornar ao cargo em 22 de julho. Esse prazo não é renovável, e o deputado pode seguir com faltas injustificadas em até um terço das sessões antes de perder o mandato.
Ainda assim, cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) no caso, aplicar a regra. Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco, foi preso em março do ano passado e só teve o mandato cassado em abril deste ano — ultrapassando, portanto, o limite de ausências.
Segundo interlocutores de Eduardo, ele costuma dizer que voltará ao Brasil quando se sentir seguro. Inicialmente, havia uma expectativa de que, quando saíssem sanções contra autoridades brasileiras nos EUA, haveria uma espécie de recuo do STF.
Agora, no entanto, a expectativa é que o cerco ao filho do ex-presidente se feche mesmo diante da iniciativa do governo de Donald Trump de restringir o acesso aos Estados Unidos de estrangeiros que o governo avaliar como responsáveis por censurar empresas ou cidadãos americanos e de residentes no país.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de inquérito contra Eduardo para investigar possíveis crimes cometidos na atuação junto a autoridades estrangeiras nos Estados Unidos contra “integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal”.
O chefe da PGR, Paulo Gonet, menciona a ofensiva para que o governo Trump aplique sanções contra o próprio Moraes, relator da investigação contra o deputado licenciado.
Os crimes citados pelo procurador são coação no curso do processo, embaraço à investigação e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
Algo que poderia encurtar a temporada de Eduardo nos Estados Unidos seria uma eventual decisão do STF de bloquear bens de Jair Bolsonaro, que disse financiar o filho e sua família no exterior.
A Procuradoria disse que o ex-presidente é “diretamente beneficiado pela conduta” do filho e já declarou “ser o responsável financeiro pela manutenção” dele no exterior.
Eduardo participou virtualmente de reunião com líder e vice-líderes da oposição na Câmara na última terça-feira (27) para falar sobre o inquérito no STF. Eles também ligaram para Bolsonaro, segundo relatos.
No encontro, o deputado licenciado disse aos colegas para que fiquem alertas porque o cerco estaria fechando contra o bolsonarismo. Eles também viram a iniciativa da PGR como um forte sinal que haveria perseguição aos políticos de direita, o que aceleraria as sanções dos Estados Unidos.
De acordo com interlocutores, Eduardo tem indicado que pode continuar nos Estados Unidos mesmo no ano que vem, quando ocorrerão as eleições. Um deles chegou a dizer que é de 95% a chance de ele permanecer. O filho de Bolsonaro só voltaria caso houvesse uma grande mudança no cenário, algo hoje visto como praticamente impossível.
Esses aliados falam na possibilidade de ele fazer uma campanha a distância para o Senado — citando o precedente do youtuber Luis Miranda, que se elegeu deputado pelo Distrito Federal em 2018 mesmo morando em Miami. Mas essa hipótese ainda não é dada como certa.
Ainda de acordo com esses relatos, a decisão de Eduardo será tomada com sua esposa, que tem demonstrado resistência em voltar.
Diante desse cenário, surgiu em conversas no partido a possibilidade do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) mudar o domicílio eleitoral para São Paulo para ser candidato ao Senado, no lugar do irmão. (Com informações da Folha de S.Paulo)