Terça-feira, 07 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de outubro de 2025
O valor total exportado pelo Rio Grande do Sul aos Estados Unidos caiu quase 52% em setembro, na comparação com igual período de 2024, passando de US$ 172,5 milhões para US$ 83,6 milhões. A informação consta em relatório divulgado pelo governo federal nessa segunda-feira (6), exatamente 60 dias após entrar em vigor o “tarifaço” imposto a produtos brasileiros pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a queda nas vendas gaúchas para para aquele mercado é menor (-35,7%) se levados em conta os dois meses de vigência das sobretaxas. A boa notícia é que, mesmo com a retração, a balança comercial gaúcha apresentou saldo positivo de US$ 1,1 milhão no nono mês do ano.
Isso porque os demais integrantes da lista de principais “clientes” de itens “made in RS” apresentaram comportamento contrário ao norte-americano, aumentando tais importações. Houve alta nas compras realizadas pela China (7,1%), Argentina (38,3%), Bélgica (45,2%), Filipinas (137%), Chile (36,8%), Uruguai (31,4%), Paraguai (48,4%) e Suíça (3.504%).
Principais quedas
Dentre os artigos que mais pesaram na retração das exportações do Rio Grande do Sul para os Estados Unidos, o tabaco aparece no topo (-95,4% em relação a setembro do ano passado), seguido por armas-de-fogo e munição (-77%). Esses três itens foram sobretaxados por Trump em 50%.
Já a celulose, responsável pela terceira maior perda (-69%) em vendas ao mercado norte-americano, foi retirada do tarifaço dias após a entrada em vigor da medida.
Os envios de tabaco tiveram forte contribuição, com queda de 95,4% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado. Armas e munições (-77,1%) e celulose (-69,4%) também empurram as exportações do RS para os EUA para baixo no período.
Desempenho nacional
Já as exportações totais do Brasil para os Estados Unidos recuaram 20,3% na mesma base comparativa (setembro de 2025 em relação ao mesmo mês do ano anterior). Houve, porém, um crescimento das vendas para outros mercados, que alcançaram um recorde.
“No mês passado, o País vendeu US$ 2,58 bilhões ao mercado norte-americano, contra US$ 3,23 bilhões em setembro de 2024. As importações dos Estados Unidos, em contrapartida, subiram 14,3%, passando de US$ 3,8 bilhões para US$ 4,35 bilhões”, ressalta um informe no site agenciabrasil.ebc.com.br.
As informações foram tabuladas a partir de monitoramento da Câmera Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com base na análise, pelo Ministério, da relação comercial entre os dois países ao longo de 2024 e deste ano.
Avaliação
Em coletiva de imprensa, o diretor do Departamento de Estudos de Comércio Exterior do Ministério, Herlon Brandão, repercutiu os dados compartilhados pela pasta sobre o tema: “Mesmo não tarifados, alguns produtos estão caindo [em desempenho nas exportações para os Estados Unidos]. Trata-se de uma imposição tarifária de grande impacto”.
O executivo acrescentou, ainda, uma perspectiva não muito otimista para o futuro próximo. Segundo ele, o fato de o “tarifaço” reduzir o consumo interno no mercado norte-americano tem entre seus desdobramentos uma tendência de continuidade na retração das exportações gaúchas para os Estados Unidos. “Até porque tivemos um desempenho recorde em 2024”, finalizou.
(Marcello Campos)a