Sábado, 26 de abril de 2025

Em audiência de custódia, Collor conta como foi a prisão e diz que prefere cumprir pena em Alagoas

O ex-presidente Fernando Collor afirmou, durante audiência de custódia, que foi preso por volta das 4h da manhã dessa sexta-feira (25) no Aeroporto de Maceió (AL), onde embarcaria com destino a Brasília para se entregar às autoridades.

“Eu estava no aeroporto, embarcando para Brasília para me apresentar às autoridades judiciais”, contou o ex-presidente, que disse não ter havido irregularidades por parte dos policiais no momento do cumprimento da ordem de prisão.

No vídeo, o ex-presidente disse que passou por alguns exames e afirmou que prefere cumprir a pena em Alagoas, ao ser questionado se gostaria de ficar em Maceió ou ser transferido para Brasília.

Collor foi condenado, em 2023, a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, em um processo derivado da Lava-Jato. A prisão do ex-presidente, em regime fechado, foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta (24).

Após a audiência de custódia, Moraes determinou a transferência de Collor, da Superintendência da PF, para uma ala especial do Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió (AL).

A transferência foi realizada por volta das 14h em uma viatura da Polícia Federal. Como Collor é ex-presidente da República, ele ficará em uma cela individual do estabelecimento prisional.

Mais cedo, a defesa de Collor pediu ao STF a concessão de prisão domiciliar para o ex-presidente, que, segundo os advogados, apresenta “comorbidades graves” e idade avançada, 75 anos.

Segundo a defesa, o ex-presidente tem Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar.

Diante desse pedido, Moraes determinou que a direção do presídio de Maceió informe, no prazo de 24 horas, se tem “totais condições” para tratar da saúde de Collor. E encaminhou a solicitação de prisão domiciliar para análise da Procuradoria-Geral da República.

Na audiência de custódia, Collor afirmou que não faz uso de medicamentos de forma contínua.

Processo e condenação

Collor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF em agosto de 2015 por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução de Justiça.

* Ao torná-lo réu em 2017, no entanto, o STF “descartou” as acusações de peculato e obstrução de Justiça.

* E ao condenar, em 2023, considerou que o crime de organização criminosa já estava prescrito – ou seja, não cabia mais punição.

* Para os ministros do STF, a propina devidamente comprovada foi de R$ 20 milhões, valor menor que os R$ 26 milhões apontados pela PGR na denúncia.

O caso foi julgado no STF porque, na época da denúncia, o político era senador pelo PTB de Alagoas. Quatro pessoas ligadas a ele também foram denunciadas.

Segundo a PGR, Fernando Collor recebeu R$ 26 milhões entre 2010 e 2014 como propina por ter “intermediado” contratos firmados pela BR Distribuidora, à época vinculada à Petrobras.

A BR Distribuidora, inclusive, tinha dois diretores indicados por Collor.

Os contratos envolviam revenda de combustíveis, construção de bases para distribuição e gestão de pagamentos e programas de milhagem.

Segundo a denúncia, Collor usava sua influência na BR Distribuidora para favorecer determinadas empresas – e, em troca, recebia uma “comissão” sobre os contratos firmados.

Collor apareceu nos relatos de pelo menos três delatores da Lava-Jato:

* o doleiro Alberto Youssef disse que o ex-presidente recebeu R$ 3 milhões;

* o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, citou R$ 20 milhões em propina;

* auxiliar de Youssef, Rafael Ângulo disse que entregou pessoalmente a Collor R$ 60 mil em notas de R$ 100 em um apartamento em São Paulo – dinheiro de corrupção.

Durante as investigações, a PF apreendeu três veículos em uma casa de Collor em Brasília: uma Ferrari, um Porsche e um Lamborghini. Todos, em nome de empresas de fachada.

Segundo as investigações, a compra de carros luxuosos, imóveis e obras de arte era uma estratégia para lavar o dinheiro da corrupção.

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