Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de abril de 2023
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reafirmou que a instituição age de forma técnica na fixação da taxa básica de juros para combater a inflação.
Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal, Campos Neto apontou que a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano – o maior nível em seis anos –, avançou no ano passado mesmo durante o período eleitoral.
“Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de alta dos juros em um período eleitoral. O que mostra que o BC entendeu que a inflação ia subir, antes de grande parte dos outros países. O BC do país foi um dos primeiros a subir os juros”, declarou Campos Neto.
O BC autônomo será comandado até 2024 por Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A elevação da taxa de juros foi interrompida em setembro do ano passado.
Segundo ele, se o Banco Central tivesse parado de subir os juros no ano passado, durante as eleições, a inflação teria sido de 10% em 2022, e não 5,8%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“E hoje, para controlar a inflação e a expectativa do ano que vem, teríamos que ter juros de 18,75% [ao ano]. Se não tivéssemos, a inflação ia contaminar e subir bastante. O BC atuou de forma autônoma”, acrescentou o presidente do BC.
O patamar dos juros brasileiros tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos.
Campos Neto voltou a citar o alto volume do chamado crédito direcionado, a maior parte com juros subsidiados, para explicar porque os juros são altos no Brasil. E exemplificou, novamente, citando a teoria da “meia-entrada no cinema”.
Além disso, ele também citou o baixo nível de recuperação de crédito no Brasil (quanto os bancos conseguem recuperar de inadimplentes).
O presidente do BC também falou sobre o volume de gastos públicos (que elevam a quantidade de recursos na economia) e a indexação existente no país, forma pelo qual a alta de preços de retroalimenta.
“A dívida bruta do governo [resultado dos gastos públicos] é maior do que a media. É explosiva? Não é. Mas é maior do que a média, isso reflete na taxa futura”, declarou Campos Neto no Senado Federal.
Definição
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Na ata da última reunião do Copom, quando os juros foram mantidos estáveis em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos, o BC avaliou que a inflação ao consumidor continua elevada.
Em doze meses até fevereiro, a inflação oficial somou 5,60%, ainda acima das metas. O grande peso para o resultado do IPCA do mês passado foi o grupo de Educação.
Para o Copom, a desaceleração da atividade econômica em curso “é necessária para garantir a convergência da inflação para suas metas, particularmente após período prolongado de inflação acima das metas”.
O Copom informou também que o processo de redução da inflação “demanda serenidade e paciência na condução da política monetária [definição dos juros] para garantir a convergência da inflação para suas metas”.