Sexta-feira, 25 de abril de 2025

Em declarações públicas, anúncios de Lula pegam seus ministros de surpresa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem puxado para si a divulgação de medidas que o governo federal pretende implementar.

Todavia, com certa frequência, seus anúncios pegam de surpresa até os ministros responsáveis por botar de pé os projetos propagandeados pelo chefe. Em alguns casos, as declarações do petista contrariam acordos feitos anteriormente com os próprios titulares das pastas. Os episódios têm se concentrado nas suas lives semanais, a chamada “Conversa com o Presidente”.

Na terça (1º), Lula afirmou que o Ministério do Turismo vai apresentar um programa para baratear os preços de passagens para aposentados, trabalhadoras domésticas e outros grupos. O novo ministro da pasta, Celso Sabino, assumiu há apenas duas semanas.

Questionado, o ministério informou que esse programa mencionado pelo presidente é uma ramificação do projeto “Voa Brasil” e que há alternativas em estudo para baratear diárias em hotéis também, em uma iniciativa ainda incipiente.

Já na semana passada, também na live, Lula disse ter a intenção de fechar todos os clubes de tiro que não são destinados a policiais ou às Forças Armadas:

“Eu não acho que um empresário que tem um lugar para praticar tiro é um empresário. Eu já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos (os clubes de tiro), só deixar aberto aqueles que são da PM, do Exército ou da Polícia Civil. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe”, afirmou.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, havia dito, na semana anterior, que o objetivo definido por Lula era justamente manter esse tipo de estabelecimento aberto.

“A orientação do presidente foi de que não é para fechar o negócio (de armas), tanto que os clubes de tiro vão continuar existindo, as lojas de armas vão continuar”, afirmou Dino.

No dia seguinte, o governo apresentou um decreto com o objetivo de restringir a circulação de armas no Brasil. Em relação aos clubes de tiro, houve a proibição de que tais casas funcionem 24 horas por dia. E a fiscalização ao funcionamento dos clubes passará do Exército para a Polícia Federal.

Em julho o presidente sugeriu publicamente ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a criação de um programa de incentivo à compra de eletrodomésticos da chamada linha branca, como televisão, geladeira e máquina de lavar roupas.

“Falei para o Alckmin: ‘Que tal a gente fazer uma ‘aberturazinha’ para a linha branca?’ Facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa. As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos”, disse Lula, durante um evento realizado no Palácio do Planalto.

Dias depois, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, responsável por coordenar as iniciativas que envolvam mais de uma pasta, admitiu, em entrevista ao GLOBO, que não existia “no governo nenhum projeto tratando da linha branca, não há nenhum projeto no sistema que a Casa Civil participa, pelo menos, sendo discutido de incentivo a linha branca”.

Anteriormente, em março, durante a segunda reunião ministerial, o petista havia dado um puxão de orelha nos titulares das pastas ao afirmar que nenhuma ideia, que ele chamou de “genialidade”, poderia ser anunciada publicamente antes de ser discutida dentro do governo.

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento já haviam sido pegos de surpresa quando Lula anunciou a redução de impostos para facilitar a venda de carros populares. Os integrantes das duas pastas não participaram da elaboração do programa e foram obrigadas a fazer às pressas os cálculos dos custos da redução de IPI e PIS/Cofins.

 

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