Sábado, 14 de junho de 2025

Em dois anos de governo, Lula ampliou a presença de mulheres em cargos de chefia na diplomacia brasileira, sobretudo embaixadoras enviadas ao exterior, mas ainda ficou aquém da média registrada nas Américas

Em dois anos de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou a presença de mulheres em cargos de chefia na diplomacia brasileira, sobretudo embaixadoras enviadas ao exterior, mas ainda ficou aquém da média registrada nas Américas.

Dados do Itamaraty sobre a participação feminina no serviço exterior mostram que, de abril de 2022 a fevereiro de 2025, o número de mulheres no comando de embaixadas, escritórios e missões – os cargos mais cobiçados – aumentou 75%, passando de 16 para 28.

Por outro lado, as diplomatas nas chefias dos consulados-gerais, consulados e viceconsulados caíram de 13 para 8, uma redução de 38,5%. Os dados fazem parte de um boletim periódico do Ministério das Relações Exteriores.

Se comparado com a realidade global, o Brasil fica próximo da média de participação das mulheres – o País tem 20% e o índice mundial é de 21%. Quando o parâmetro são os países da região, o Brasil permanece distante do patamar das Américas, de 28%.

Embora não tenha se comprometido em promover uma divisão de cargos igualitária entre homens e mulheres na chancelaria, Lula foi eleito defendendo a maior participação feminina nas esferas de poder. A agenda da igualdade de gênero vem sendo repetida pelo presidente, o que criou expectativas de avanços ainda não atingidos no meio diplomático.

O Brasil fechou março com 28 diplomatas mulheres na chefia de embaixadas e delegações no exterior. Mais uma deve assumir em breve, já tendo sido nomeada pelo presidente, após aval do Senado – o que elevará o número para 29. A soma não inclui mulheres em chefia de consulados ou diplomatas que chefiam embaixadas de forma interina.

Diversidade

O Ministério das Relações Exteriores afirma que está engajado na promoção da diversidade e adota medidas para ampliar a representação nas chefias de postos no exterior. Desde o início do governo, houve uma campanha para reduzir a sub-representação de mulheres na carreira.

“Os números das mudanças promovidas em dois anos em matéria de participação feminina no Itamaraty são eloquentes e refletem a vontade política do presidente Lula em transformar realidades desfavoráveis às mulheres na máquina do Estado e na sociedade”, disse o chanceler Mauro Vieira.

A previsão do Itamaraty é que até julho o Brasil tenha 31 mulheres como chefes de missões no exterior. Mais duas embaixadoras serão indicadas para postos na Ásia e na Europa, que também abrigará uma nova cônsul-geral. Com a promessa, a tendência é que a representação feminina suba e ultrapasse a realidade da comunidade diplomática residente em Brasília e o patamar global nos próximos meses.

A média global de 21% foi calculada pelo Índice de Mulheres na Diplomacia 2024, publicado em dezembro do ano passado pela Academia Diplomática Anwar Gargash, dos Emirados Árabes Unidos. O estudo mapeia o porcentual de mulheres em mais de 12 mil indicações no mundo todo. Segundo a publicação, as “mulheres seguem sub-representadas nos principais postos diplomáticos” e “o avanço ocorre em ritmo lento”.

O estudo revela que apenas Suécia (51%), Finlândia (50%) e Canadá (53%) ultrapassaram a paridade de gênero na diplomacia. O Brasil está na 42.ª colocação do ranking de 153 países – posição dividida com Bangladesh, Egito, Gâmbia, Geórgia, Eslováquia, Tanzânia e Camarões.

Chanceler

O próprio Lula foi instado a nomear a primeira chanceler do País. Ele ignorou os apelos – optando por Mauro Vieira. Ainda assim, emplacou pela primeira vez uma mulher no segundo cargo mais importante do Itamaraty, a Secretaria Geral das Relações Exteriores, ocupada pela embaixadora Maria Laura da Rocha, e indicou a primeira mulher embaixadora nos EUA, Maria Luiza Viotti.

A “luta” das mulheres se fortaleceu em 2023, quando depois de dez anos atuando informalmente como grupo elas lançaram a própria associação no Itamaraty. Desde e nt ã o, propõem e cobram políticas de paridade ainda não alcançadas, que envolvem principalmente o ingresso na carreira e as posições de maior visibilidade.

A “pedida” do grupo de mulheres, porém, vem mudando. Se antes era resolver a sub-representação, agora é a busca por postos de maior prestígio. A visibilidade feminina é considerada por embaixadoras como um incentivo à maior participação de jovens na carreira.

Muitas diplomatas preferem não falar abertamente da situação. Elas têm receio de represálias ou de serem preteridas numa carreira dependente de decisões políticas. O sistema de promoção envolve não só o tempo no cargo, mas a formação com cursos e critérios de seleção que incluem votação entre os pares e a posterior escolha pela cúpula do Itamaraty. (Com informações do Estado de S. Paulo)

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