Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de novembro de 2025
Chefes de Estado e de governo globais passaram por Belém do Pará com histórias inusitadas, reclamações e pressão para que tudo ficasse pronto, encontros – e desencontros – nos restaurantes mais famosos da cidade e compartilhamento de hotéis de luxo.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) acontece este ano no Brasil, em Belém do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro.
A conhecida crise de hospedagem que fez o governo Lula criar e antecipar a cúpula, levou o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a telefonar para o empresário Jorge Rebelo de Almeida, da rede Vila Galé.
Ele pediu que o empresário desse um jeito de acelerar as obras e entregasse o hotel na zona portuária a tempo. Do contrário, os portugueses não teriam onde se hospedar. Deu certo – apesar de nem tudo estar pronto ainda no hotel da rede.
Mas foi outro hóspede quem roubou a cena no Vila Galé Collection Amazônia. Lá também ficou alojada a comitiva presidencial da República do Congo. O governo de Brazzaville estendeu um tapete vermelho no hall de entrada e nos corredores de acesso à suíte ocupada pelo ditador Denis Sassou N’Guesso, ex-oficial militar que comanda o país africano desde 1997.
O tapete foi estendido no chão para que o congolês entrasse e saísse do quarto, cujo ambiente foi modificado para atender suas exigências. Nem todos tiveram a exigência, mas no exterior o tapete também é colocado, por exemplo, para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi assim na Malásia, na recepção do Renaissance de Kuala Lumpur.
A cúpula também permitiu a primeira breve interação entre o presidente Lula e Ahmad AlSharaa, novo líder do governo da Síria, que assumiu após a queda do regime de Bashar AlAssad, derrubado por seu grupo, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS). O petista o cumprimentou na recepção aos líderes.
Como a imagem diz muito na política, os chefes de Estado e de governo aproveitaram a passagem para garantir registros que mostrassem o ambiente de uma floresta tropical. Quem teve mais tempo optou por uma experiência imersiva na Ilha do Combu – como a rainha da Dinamarca, Mary Donaldson, que foi conhecer o plantio de cacau e uma fábrica de chocolate da Amazônia, além de tentar abraçar uma samaumeira.
Desinformação
Cerca de 400 organizações científicas, ambientalistas e sociais lançaram um apelo aos negociadores na COP30, em Belém, pedindo ações “imediatas” para frear a crescente onda de desinformação sobre a crise climática.
A demanda está em uma carta pública assinada por mais de 375 entidades, incluindo Climate Action Network International, WWF, 350.org, ClientEarth e Global Disinformation Index.
Os signatários denunciam que a difusão de notícias falsas e conteúdos manipulados sobre o clima mina a confiança pública, atrapalha a adoção de políticas eficazes e atrasa a transição energética.
Além disso, a carta acusa a indústria dos combustíveis fósseis de financiar campanhas coordenadas de desinformação para criar uma “percepção artificial de divisão e apatia” na sociedade e para desacreditar soluções baseadas nas fontes renováveis.
O apelo também convida os países participantes da COP30 a adotar medidas para proteger a integridade da informação climática, desde as redes sociais até o setor publicitário, passando pelos meios de comunicação tradicionais.
É a primeira vez que o tema da desinformação é incluído oficialmente na agenda de negociações de uma cúpula climática das Nações Unidas.