Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de outubro de 2025
O Senado argentino reverteu, nesta quinta-feira (2), dois vetos do presidente Javier Milei e manteve em vigor as leis que ampliam recursos para universidades públicas e hospitais pediátricos. A decisão representa um revés à política de austeridade defendida pelo líder ultraliberal, que enfrenta um período de forte volatilidade financeira no país. A derrota no Congresso ocorre em meio a uma semana considerada crucial para o governo, às vésperas das eleições legislativas de 26 de outubro, nas quais Milei precisa mostrar capacidade de articulação para sustentar seu plano de reformas e sinalizar governabilidade aos mercados.
Com 59 votos a favor, sete contra e três abstenções, os senadores rejeitaram o veto presidencial à lei de emergência pediátrica. Em seguida, por 58 votos a favor, sete contra e quatro abstenções, derrubaram também o bloqueio do governo aos recursos adicionais destinados às universidades. As votações foram acompanhadas por manifestações em frente ao Congresso, onde estudantes e profissionais da saúde aguardavam o resultado. Entre eles estava o estudante de psicologia Tomás Bossi, que declarou sentir-se “orgulhoso” com a decisão parlamentar.
Desde que assumiu a presidência, em dezembro de 2023, Milei adotou uma estratégia de ajuste fiscal rigoroso, reduzindo subsídios e restringindo gastos públicos. O presidente defende que essas medidas são necessárias para equilibrar as contas e recuperar a confiança dos investidores. Os números mostram um efeito imediato sobre a inflação: de 211% em 2023, o índice caiu para 118% em 2024 e, até agosto deste ano, acumulava quase 20%. Apesar disso, os cortes têm impacto direto sobre serviços básicos, em especial hospitais e universidades, que enfrentam dificuldades para manter atividades essenciais.
Ao justificar os vetos, Milei argumentou que “não há dinheiro” para financiar os programas aprovados pelo Congresso. A resposta dos parlamentares, no entanto, reforça a resistência a parte de sua agenda e expõe os limites da austeridade diante da pressão social. Para a oposição, a derrubada dos vetos representa um recado de que o Executivo terá de negociar de forma mais ampla, sobretudo em temas ligados à educação e à saúde pública, áreas consideradas sensíveis em um contexto de crise econômica prolongada.