Quarta-feira, 23 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de julho de 2025
Investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta articulação com autoridades dos Estados Unidos contra o Judiciário brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificou ataques a ministros da Corte e a instituições. Em paralelo, aliados buscam uma forma de evitar que ele perca o mandato por faltas, já que sua licença de 120 dias expirou no domingo.
Na segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de suas contas bancárias, segundo relato do parlamentar. A decisão de Moraes está sob sigilo e tem o objetivo de dificultar que Eduardo continue com ações que atentariam contra a soberania brasileira.
“Ele acabou de bloquear as minhas contas bancárias. Quero ver encontrarem alguma coisa”, afirmou o deputado em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou que o partido quer manter o mandato de Eduardo até o fim da legislatura, mesmo com ele residindo no exterior.
“Até o dia 4 (de agosto), não há faltas por conta do recesso. Estamos buscando soluções para que ele continue exercendo o mandato até o final”, disse Sóstenes.
A Constituição estabelece como uma das hipóteses de perda do mandato ausências não justificadas a um terço das sessões ordinárias da Casa. Uma das apostas é emplacá-lo em uma secretaria estadual em algum governo aliado, como o de Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina.
O arranjo permitiria a Eduardo permanecer licenciado da Câmara, sem prazo. As conversas, no entanto, ainda estão em estágio inicial. O governador que aceitasse nomeá-lo teria que justificar ao eleitorado o pagamento de um salário de secretário a um político que reside no exterior. Jorginho é um dos nomes mais alinhados ao bolsonarismo. A avaliação é que, para ele, o custo político seria menor.
Em despacho divulgado no sábado (19), Moraes afirmou que Eduardo “intensificou as condutas ilícitas” nas redes sociais, especialmente após as medidas cautelares impostas a seu pai. O ministro determinou que as publicações mais recentes do deputado sejam anexadas ao processo, por considerar que reforçam uma tentativa de intimidação ao Judiciário. O filho do ex-presidente fez cerca de 120 postagens desde a última sexta (18), que acumularam mais de 30 milhões de visualizações.
Ofensiva
Em uma dessas postagens, o deputado comemora o cancelamento do visto americano de Moraes. Em outra, ironiza: “Talvez Moraes não saiba se Filipe Martins (ex-assessor de Bolsonaro) foi aos EUA, mas ele não vai”, acompanhada de uma montagem de Moraes com orelhas do Mickey.
As reuniões seriam usadas para defender Jair Bolsonaro e atacar Alexandre de Moraes: Hugo Motta vira alvo de deputados bolsonaristas após proibir sessões de comissões durante recesso da Câmara.
Em uma live no domingo (20), Eduardo afirmou que “nosso objetivo é te tirar da Corte”, em referência a Moraes. Ele disse ainda não estar preocupado com eleições, sugerindo que elas podem não ocorrer:
“Se o Brasil não resolver, nas próximas semanas ou meses, essa crise institucional, não haverá eleição em 2026. Não estou preocupado com popularidade. É 100% vitória ou 100% derrota. E tenho certeza de que, se sairmos vitoriosos – e eu creio, tenho fé em Deus que sairemos –, a gente recupera essa popularidade em um ou dois dias.” (Com informações do jornal O Globo)