Domingo, 14 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de julho de 2023
Detentor do maior orçamento dentro da Esplanada, o Ministério da Saúde, comandado por Nísia Trindade, vem sendo cobiçado por partidos do Centrão. Um dos nomes da cota pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a médica foi diretamente defendida pelo chefe em pelo menos duas ocasiões desde o começo de julho. Nessa sexta-feira (14), o petista subiu o tom ao afirmar que “tem ministros que não são trocáveis”:
“Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia ministra da Saúde.[…] Eu vou viajar agora, eu disse pra Nísia já publicamente. Tem ministros que não são trocáveis. Têm pessoas e têm funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente. Ela não é ministra do Brasil, ela é minha ministra.”
No começo do mês, quando começaram as especulações sobre uma possível troca na Saúde, Lula firmou posição de que a titular da pasta poderia dormir tranquila porque “o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser”.
Outro ministro alvo do apetite do Centrão, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) também foi defendido publicamente por Lula nesta semana. A pasta comandada pelo ex-governador do Piauí tem um dos orçamentos mais robustos por ser a responsável pela distribuição do Bolsa Família. Em entrevista à Record, o presidente afirmou que “esse ministério não sai”:
“Esse ministério, é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério. É só fazer uma inversão de valores. No momento certo, nós vamos conversar. Da forma mais tranquila possível, não quero conversa escondida, não quero conversa secreta.”
Entraves
Ainda no primeiro semestre, Lula teve que enfrentar a “fritura” de dois nomes próximos ao Planalto — o de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o de Rui Costa (Casa Civil). Os principais responsáveis pela articulação política do governo com o Congresso foram cobrados por dirigentes partidários e parlamentares por uma suposta falta de traquejo e de agenda para negociar.
Em maio, no ápice da crise de articulação com o Legislativo, Lula veio a público defender Padilha, figura que estaria na linha de frente da negociação com parlamentares. À época, o governo enfrentava dificuldade para aprovar a MP dos Ministérios, que manteria a reestruturação ministerial desenhada por Lula ao tomar posse.
“O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política. O fato de acertar ou errar, nós temos que pensar o que aconteceu, precisava ver do que estão se queixando os deputados”, defendeu o presidente na ocasião.
No mesmo período, enquanto Costa enfrentava uma série de resistências entre a classe política, Lula se referiu ao ministro como “quase um primeiro-ministro”, em alusão ao principal cargo do Executivo em um governo parlamentarista.
“O Rui Costa foi governador da Bahia. E vocês sabem que o ministro chefe da casa civil é quase que um primeiro-ministro porque tudo que o presidente assina, primeiro tem que passar na mão dele para eu não assinar nada errado. Se alguém quiser mentir pra mim, ele quem vai dizer que é mentira, que não pode assinar ou que não está certo. Portanto, o sucesso do meu governo, parte dele é a presença do melhor ex-governador da Bahia ajudando a gente a governar esse país”, afirmou, durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória que criou o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica.
No começo do ano, logo após os ataques extremistas do 8 de janeiro, foi pedida a saída do ministro da Defesa José Múcio — sob a pasta, está a gestão das Forças Armadas. Na ocasião, ele foi criticado por ter defendido uma solução negociada para a crise envolvendo os acampamentos golpistas diante de quartéis e recebeu apoio público de Lula.
“Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu quem trouxe para cá [governo]. Ele vai continuar sendo meu ministro porque eu confio nele, relação histórica, tenho o mais profundo respeito por ele. Ele vai continuar”, disse.