Quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Em seis anos, o número de pessoas que deixaram o RS superou o das quem passaram a morar no Estado

Em seis anos, um total de 134,7 mil pessoas adotaram o Rio Grande do Sul como local de moradia, ao passo que 212,5 mil optaram por deixar o Estado. A diferença negativa é de 77,8 mil, contribuindo para uma queda de 0,72% na taxa líquida de imigração, conforme aponta um censo demográfico divulgado nessa quarta-feira (12) pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) sobre o período de 2017 a 2022.

O estudo apresenta um panorama dos movimentos populacionais e também na taxa de fecundidade no Rio Grande do Sul, destacando os principais fluxos migratórios e a consolidação de um padrão de maternidade em idades mais elevadas. As informações foram produzidas pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à SPGG, e têm por base o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A análise, elaborada pelos pesquisadores Marilene Bandeira e Pedro Zuanazzi, do DEE, aponta que entre 2017 e 2022, o Rio Grande do Sul registrou 134,7 mil imigrantes e 212.517 emigrantes, resultando em um saldo migratório de -77,8 mil pessoas no período. A taxa líquida de migração, de -0,72%, reflete uma leve perda populacional decorrente do deslocamento de residentes para outros Estados.

Esse saldo migratório negativo decorre, principalmente, da baixa entrada de novos residentes (o Estado possui a 4ª menor taxa líquida de imigração) e não por uma saída acentuada de pessoas, uma vez que o RS possui a 5ª menor taxa de emigração.

O principal destino dos gaúchos foi Santa Catarina, que concentra 48,5% dos naturais do Rio Grande do Sul que residem fora do Estado e para onde foram 63,5% dos emigrantes que deixaram o RS entre 2017 e 2022 (134,9 mil pessoas).

Em contrapartida, 34,9% dos residentes não naturais do Rio Grande do Sul são nascidos em Santa Catarina, sendo que 37,2 mil pessoas vieram do Estado vizinho nos últimos cinco anos. O estudo também aponta o Pará como a unidade federativa com a qual o Rio Grande do Sul tem o saldo mais positivo, com 4,5 mil pessoas a mais migrando para o território gaúcho do que no sentido inverso.

Fecundidade

A Taxa de Fecundidade Total (TFT) do Rio Grande do Sul foi de 1,44 filho por mulher, abaixo da taxa de reposição populacional (2,1). A TFT mostra, em média, quantos filhos cada mulher teria ao longo da vida se as condições atuais de nascimento se mantivessem.

Todos os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) do Estado apresentaram índices inferiores a esse patamar, com variação entre 1,26 e 1,88 filhos por mulher. Mantido esse nível, uma população de 100 mil pessoas seria substituída por aproximadamente 32,2 mil após três gerações, de acordo com o estudo, considerando a média estadual (1,44).

“A baixa taxa de fecundidade é comparável a países europeus, o que contribui para a rápida transição demográfica que estamos vivenciando, com o fim do crescimento populacional e o envelhecimento gradual da população”, analisa Zuanazzi, que é diretor-adjunto do Departamento de Economia e Estatística.

O Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição nacional em idade média da fecundidade, com 29 anos, atrás apenas do Distrito Federal (29,3). Em 2010, o indicador era de 27,8 anos. O Corede Serra apresentou a maior idade média de fecundidade (29,9 anos), enquanto o Alto da Serra do Botucaraí teve a menor (27,5 anos).

Essa tendência de postergação da maternidade está associada ao aumento da escolaridade. Entre as mulheres com Ensino Superior completo, a TFT foi de 1,11 filho por mulher, com maior concentração de nascimentos entre 30 e 34 anos, sendo também significativa a participação das mulheres entre 35 e 39 anos.

As mulheres brancas gaúchas apresentaram a menor taxa de fecundidade total (1,37 filho por mulher), seguidas pelas de cor preta (1,59) e parda (1,64). O padrão etário da fecundidade das mulheres brancas é mais envelhecido, enquanto o das pardas se concentra em faixas etárias mais jovens, especialmente entre 20 e 24 anos.

No Rio Grande do Sul, a proporção de mulheres de 50 a 59 anos sem filhos nascidos vivos passou de 11,1% em 2010 para 14,3% em 2022. O Corede Metropolitano Delta do Jacuí apresentou o maior percentual (19,7%), e o Fronteira Noroeste, o menor (8,7%). O RS está entre os Estados com as menores médias de filhos por mulher nessa faixa etária (2,0 filhos), ao lado de São Paulo e do Distrito Federal.

(Marcello Campos)

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