Sábado, 19 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de julho de 2025
No auge de uma turnê recorde em apoio ao seu aclamado álbum country Cowboy Carter, Beyoncé está no topo do mundo. Frequentemente descrito como uma retomada de suas raízes no country, Cowboy Carter, lançado no ano passado, questiona os limites dos gêneros musicais e destaca a contribuição contínua de artistas negros para a música country.
Ao anunciar o álbum, Beyoncé revelou que ele “nasceu de uma experiência” em que se sentiu indesejada — referência provável aos comentários racistas que surgiram após sua apresentação no Country Music Awards em 2016, quando alguns fãs do gênero alegaram que ela não deveria ter participado do evento.
O álbum e a turnê que se seguiu — com encerramento previsto para este mês — são uma resposta direta aos críticos. O universo visual criado por Beyoncé, tanto no disco quanto nos palcos, aponta para os diversos papéis que pessoas negras desempenharam ao longo da história dos Estados Unidos. Se o sistema insiste em negar a elas um lugar à mesa, Beyoncé parece determinada a levar sua própria cadeira — basta ver os milhares de fãs negros que, em cada show, vestem botas e chapéus country em sinal de pertencimento.
Para uma artista da magnitude de Beyoncé, destacar essas narrativas pode ser algo poderoso. No entanto, a recepção dos fãs tem sido mais complexa.
Enquanto muitos valorizam os elementos visuais que exaltam a negritude dentro do country e da história americana, outros esperam dela declarações mais explícitas sobre temas políticos contemporâneos — como o apoio dos Estados Unidos à guerra em Gaza ou as políticas de deportação agressivas. Para esses críticos, sua mensagem não vai longe o suficiente.
“É verdade que Beyoncé já foi alvo de críticas extremamente injustas vindas de diversos setores. Ela não foi reconhecida como deveria por sua arte”, disse Stacy Lee Kong, crítica cultural e fundadora da newsletter Friday Things. “Mas, ao mesmo tempo, também percebemos certa superficialidade em sua postura política.”
Como Cowboy Carter dividiu o público
Antes mesmo do início da turnê Cowboy Carter, em abril, a arte e as letras do álbum já destacavam o papel dos negros na música country. Os shows reforçam essas mensagens, com referências adicionais à história negra e a símbolos patrióticos tradicionais.
Ela interpreta o hino nacional norte-americano, The Star-Spangled Banner, na versão distorcida e emblemática de Jimi Hendrix em Woodstock; no telão, surge a frase: “Nunca peça permissão para algo que já é seu por direito.” Beyoncé abraça as cores da bandeira — vermelho, branco e azul — como mostra o collant azul cravejado de estrelas prateadas e o imenso casaco com a bandeira dos EUA que ela usou em seu show de 4 de Julho em Washington, DC.