Terça-feira, 14 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de outubro de 2023
Um mês após serem anunciados como integrantes do governo, os indicados do Centrão, os ministros do Esporte, André Fufuca (PP), e de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), ampliaram a agenda das pastas, mas ainda não conseguiram ajudar o Palácio do Planalto a montar uma base sólida no Congresso. Em seus primeiros dias no cargo, os dois abriram os gabinetes na Esplanada para receber parlamentares, governadores, além de representantes de órgãos considerados chave para atender às bases eleitorais de congressistas.
Costa Filho, por exemplo, registrou em sua agenda encontros com 50 deputados e oito senadores desde que assumiu o cargo. Na semana passada, recebeu ainda o presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira, para conversar sobre investimentos em Pernambuco, seu estado. A estatal é uma das mais cobiçadas pelo Centrão por sua capacidade de executar obras e entregar máquinas a prefeituras de forma mais célere que o governo. Além disso, Silvinho, como o ministro é conhecido, se reuniu com três governadores — Raquel Lyra (Pernambuco), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Rafael Fonteles (Piauí).
Se ainda não conseguiu ajudar a aumentar a base, Costa Filho também evitou conflitos com atuais aliados do governo. Na área de Portos e Aeroportos, fez poucas mudanças na equipe. No Porto de Santos, o maior da América Latina, por exemplo, manteve Anderson Pomini, muito ligado ao antecessor, Márcio França, nome do PSB no governo. Deve haver troca, porém, na Companhia Docas do Rio, com uma indicação do Republicanos. O novo ministro quer ampliar os postos na pasta e negocia com o Planalto a criação de uma terceira secretaria, a de Hidrovias. O ministério possui atualmente as secretarias de Portos e a de Aeroportos.
A expectativa no Republicanos é que adesão ao governo varie entre 25 e 38 votos dos 41 integrantes da bancada, a depender do projeto em votação. Há um plano para atender demandas de bancadas estaduais, como a viabilização, por exemplo, de aeroportos regionais na Amazônia.
“Entendo que cada vez mais vamos ampliar o diálogo institucional do Republicanos com o governo federal. Estamos trabalhando para colocar na ordem do dia da economia a agenda do ministério”, afirmou Costa Filho.
Fufuca, por sua vez, também tem recebido parlamentares e chefes de entidades, como presidente de confederações esportivas. Em seu gabinete, não teve problema em se reunir com opositores do governo, a exemplo do deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, o deputado Kim Kataguiri (União-SP), um dos principais nomes do Movimento Brasil Livre (MBL).
Cargos e receitas
Aliados avaliam que, apesar da entrada do Centrão no governo, o descompasso da relação entre Executivo e Legislativo é agravado pelo adiamento do cumprimento de acordos e a paralisação das negociações para a indicação à Caixa Econômica e à Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
Além disso, no ministério de Fufuca, uma das principais demandas do PP é assumir o controle das receitas que serão arrecadadas com a taxação de casas de apostas. As negociações estão vinculadas à tramitação de um projeto no Senado, já com aval da Câmara, mas virou uma queda de braço com a Fazenda, de Fernando Haddad. Para dar à pasta políticas de capilaridade, o novo ministro também segue com o plano de ampliar secretarias e angariar recursos para outras áreas, como a de games.
No PP, parlamentares afirmam que a legenda deve continuar a entregar cerca de 40 dos 49 votos da bancada em votações importantes. Um dos problemas enfrentados por Fufuca, contudo, é a resistência da direção da sigla. O presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou que a legenda não faz parte da base, mesmo com a nomeação do colega. Segundo ele, o partido precisa se reunir para aprovar o ingresso no governo. E isso ainda não aconteceu. Procurado, Fufuca não quis comentar.
Na última semana , integrantes da articulação política do governo tiveram um jantar com ministros de partidos aliados, entre eles Fufuca e Costa Filho. A ideia é que esse modelo de reunião seja feito mensalmente para destravar demandas no Congresso.
No governo, há uma avaliação que os novos ministros devem ajudar a fazer com que os deputados direcionem emendas para os dois ministérios.
“Foi muito importante (para o governo) ter dois novos ministros com a densidade política deles”, afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.