Terça-feira, 04 de novembro de 2025

Em viagem de alto risco, primeiros-ministros de Polônia, República Tcheca e Eslovênia chegam de trem a Kiev para apoiar o presidente da Ucrânia

Os primeiros-ministros da República Tcheca, da Polônia e da Eslovênia chegaram a Kiev, nessa terça-feira (15), onde se encontraram com o presidente Volodymyr Zelensky no começo da noite, pelo horário local.

A viagem de trem, considerada de alto risco, levou os líderes a uma cidade que está sob a ameaça das forças russas e que já sofre os impactos de ataques de mísseis e artilharia pesada.

As nações, que integram a Otan, estão entre as mais veementes defensoras do governo ucraniano desde o início da invasão russa e não escondem o desejo de ampliar o apoio a Kiev, incluindo de forma militar.

Em imagens divulgadas pelo governo ucraniano, Zelensky, usando roupas similares às das tropas, se sentou à mesa com o premier polonês, o ultranacionalista Mateusz Morawiecki, o líder esloveno, Janez Jansa, o premier tcheco, Petr Fiala, além do vice premier polonês, Jaroslaw Kaczynski. Na abertura do encontro, os dois lados sinalizaram que iriam discutir “possibilidades” de incrementar a cooperação e a assistência no conflito.

Zelensky falou sobre os extensos danos provocados pelos ataques russos, como contra os sistemas de comunicação nacional, e citou algumas ações relacionadas ao combate com os russos, fazendo menção às armas antitanque, muitas delas enviadas por países europeus. Não foram fornecidos detalhes sobre os temas discutidos no encontro, anunciado como uma demonstração de solidariedade da União Europeia a Kiev.

Durante entrevista coletiva, Kaczynski, que foi premier polonês entre 2006 e 2007, defendeu a criação de uma força de paz internacional em solo ucraniano.

“Acho que é necessário ter uma missão de paz, da Otan, possivelmente, com uma estrutura internacional mais ampla, mas a missão precisará ter a capacidade de se defender, uma vez que vai operar em solo ucraniano”, disse Kaczynski, sem detalhar como seria composta essa força, nem se os demais integrantes da aliança aceitariam a ideia.

A viagem ocorreu no mesmo dia em que representantes da Rússia e da Ucrânia voltaram a se encontrar na Bielorrússia, em busca de acertos ao menos iniciais sobre um cessar-fogo e o estabelecimento de corredores humanitários para a saída de populações em áreas sitiadas.

Os três são os primeiros líderes estrangeiros a visitar o país desde o início da guerra, há 20 dias.

“O objetivo da visita também é apresentar um pacote amplo de apoio à Ucrânia e aos ucranianos”, afirmou, em comunicado, o premier Fiala. Ele declarou ainda que a viagem foi acertada, com antecedência, em uma reunião de líderes da União Europeia na semana passada, em Versailles, e que contou com o apoio do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Mas, nos bastidores, alguns diplomatas europeus se mostraram céticos e até mesmo preocupados.

Não se sabe ainda se a Rússia foi informada sobre a visita dos três líderes: as tropas do país estão assumindo posições nos subúrbios da capital ucraniana, que já é alvo de ataques, inclusive em áreas residenciais. Parte considerável da população de 3,4 milhões já deixou a cidade, e aqueles que permanecem convivem com o risco de bombardeios e com severas restrições à movimentação.

Também não foi revelado se os EUA participaram do planejamento da viagem: na semana passada, Washington vetou uma iniciativa da Polônia para colocar caças MiG-29 à disposição da Ucrânia — pelo plano, as aeronaves seriam enviadas para a base de Rammstein, na Alemanha, operada pelos EUA, para que os americanos as enviassem para os ucranianos, que possuem esse equipamento em sua Força Aérea. A Rússia chegou a alertar que essa seria uma manobra “potencialmente perigosa”, e a Casa Branca logo a afastou.

No dia 24 de março, a Otan deverá realizar uma reunião de cúpula extraordinária para discutir a crise na Ucrânia, em Bruxelas, com a participação do presidente americano, Joe Biden.

“Vamos lidar com a invasão russa da Ucrânia, [vamos expressar] nosso forte apoio à Ucrânia e fortalecer a dissuasão e a defesa da Otan”, escreveu, no Twitter, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg. “Nessa hora crítica, a América do Norte e a Europa precisam continuar juntas.”

Segundo a Casa Branca, a viagem servirá para reafirmar “o compromisso férreo” dos EUA com os aliados — Biden deve ainda participar de uma reunião de líderes da União Europeia, destinada a discutir esforços para aumentar a pressão econômica à Rússia e oferecer ajuda humanitária aos ucranianos. Há ainda a possibilidade de o presidente americano ir até a Polônia, mas isso ainda não foi confirmado pelo governo dos EUA.

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