Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de novembro de 2025
Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) entregou a Licença de Operação (LO) para o início das atividades da empresa gaúcha C. B. Bioenergia, no município de Santiago (Centro-Oeste do Estado). O empreendimento abrigará a primeira usina brasileira de etanol de trigo, marcando assim um avanço estratégico na produção de biocombustíveis e no fortalecimento da matriz energética limpa do Rio Grande do Sul.
Conforme a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam, vinculada à pasta), o sinal-verde atesta o cumprimento de todas as exigências ambientais necessárias à operação da unidade, instalada em área de 150 mil metros-quadrados.
A capacidade produtiva prevista ultrapassa 1.300 metros-cúbicos mensais de álcool hidratado e 1.140 metros-cúbicos de álcool neutro, além da fabricação de 810 toneladas de DDGS (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis) e 2.160 toneladas de WDGS (Grãos Úmidos de Destilaria com solúveis), subprodutos de alto valor nutricional utilizados em rações animais. A operação deve gerar 28 empregos diretos no município.
Titular da Sema, Marjorie Kauffmann, destacou a importância estratégica da licença para o desenvolvimento sustentável do Estado:
“A ampliação da produção de biocombustíveis no Rio Grande do Sul é fundamental para fortalecer nossa matriz energética limpa. Além disso, os energéticos e derivados não alimentícios da agricultura representam uma nova visão e oportunidade para valorização da cadeia agrícola, além de contribuir para descarbonização. Com responsabilidade ambiental e inovação, garantimos segurança jurídica aos empreendedores e avançamos na transição para modelos produtivos mais eficientes e de baixa emissão”.
A licença contempla todas as etapas produtivas, incluindo recepção e pesagem da matéria-prima (triticale, cevada, trigo, centeio e milho), moagem, preparação, sacarificação, fermentação, destilação, retificação, condensação e armazenamento do álcool produzido.
O governo gaúcho ressalta a iniciativa como parte de seu esforço para ampliar a produção de biocombustíveis e reduzir emissões, alinhando-se às metas ambientais e de transição energética do Rio Grande do Sul.
Para o presidente da Fepam, Renato Chagas, além de agregar valor à produção ao industrializar esses insumos no próprio município, o empreendimento fortalece a matriz energética limpa do Rio Grande do Sul ao produzir etanol hidratado e neutro: “Isso acaba contribuindo para a redução de emissões e para a expansão do setor de bioenergia no Estado”.
“Pila Verde” e “Pila Azul”
Durante a visita a Santiago, comitivas da Sema e da Fepam conheceram a sede da loja Pila, onde é realizada a troca de resíduos orgânicos pela moeda sustentável “Pila Verde” e a troca de materiais recicláveis pelo “Pila Azul”. Trata-se de uma alusão à palavra “pila”, versão popular pela qual os gaúchos também chamam o dinheiro.
Ambos os programas incentivam a separação de resíduos orgânicos, estimulam práticas de compostagem, incentivam a separação de materiais recicláveis e contribuem para a redução dos custos públicos com destinação final dos resíduos domésticos. A iniciativa permite que a população troque resíduos orgânicos pela moeda municipal, o pila, que pode ser utilizada nas feiras de produtores locais e no Horto Florestal Municipal.
As notas são confeccionadas com personalidades ligadas ao tema ambiental, reforçando o caráter socioambiental da iniciativa. Durante a visita, foi lançada a nova cédula de “R$ 100 pila azul”, criada em homenagem à secretária Marjorie Kauffmann, que a estampará. A iniciativa reconhece o trabalho da Sema e da Fepam na modernização e desburocratização do licenciamento ambiental no Estado, alinhando proteção ambiental, segurança jurídica e desenvolvimento econômico.
Com foco socioambiental, o “Pila Verde” e o “Pila Azul” promovem conscientização, fortalecem a economia local e geram renda. O programa também está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
(Marcello Campos)