Terça-feira, 22 de abril de 2025

Empresários dos Estados Unidos têm clubes de futebol em vários países e começam a olhar para o Brasil

A forte presença de investidores dos Estados Unidos já é uma realidade no futebol mundial. Nas cinco principais ligas europeias já são 19 clubes com donos americanos, em especial na Inglaterra e Itália. Com a Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) em 2021, o futebol brasileiro também integrou esse movimento, com o “desembarque” de empresas da Flórida no País.

Enquanto o milionário americano John Textor comprou as ações do Botafogo, o Vasco assinou um acordo com a empresa 777 Partners. A Kapital Football, do empresário Joseph DaGrosa, sócio minoritário que acentuou a crise financeira do Bordeaux, da França, entre 2018 e 2019, negociou com o América-MG, mas as partes não chegaram a um entendimento.

Tanto Textor quanto a 777 Partners também são donos de clubes europeus e integram o movimento crescente chamado “Multi Club Ownership”, em que se cria uma rede de vários times de futebol pelo mundo. Ambos adquiriram recentemente equipes da Bélgica (Molenbeek e Standard Liège).

Textor possui ainda ações no Crystal Palace, da Inglaterra, e a 777 Partners é dona do Genoa, da Itália, além de ser sócia minoritária do Sevilla, da Espanha. “Olhamos times de mercados que têm possibilidade de crescimento”, disse o diretor da 777 Partners, Juan Arciniegas.

Os motivos para investir no futebol brasileiro vão desde a fonte quase que inesgotável de talento, número grande de torcedores e a força do esporte no País, com agenda de janeiro a dezembro. A percepção do mercado internacional é de que se trata de uma liga subvalorizada e capaz de crescimento de receitas em todas as áreas. No entanto, a insegurança jurídica é um dos problemas apontados por especialistas em relação aos investimentos no futebol nacional.

Os novos investidores também vislumbram a possibilidade de obter um crescimento de receitas a partir de uma nova e lucrativa venda de direitos de transmissão do Brasileirão tocada por uma liga de clubes, independente da CBF, que ainda está se organizando e cujo trabalho só deve começar em 2025, quando os atuais contratos de TV chegam ao fim.

Exemplos

Parte do sucesso da liga inglesa dentro e fora de campo foi acompanhada e impulsionada por lucrativas vendas de direitos de transmissão. Esse é um tipo de trampolim que investidores projetam tanto na Itália quanto no Brasil. Clubes bem estruturados, como Palmeiras e Flamengo, geram receitas anuais de R$ 1 bilhão – valor considerado baixo perto das ligas europeias, por exemplo.

“Não sabemos como será essa liga e como vai gerar dinheiro para os clubes. O mercado, hoje, não é claramente de aumento de receitas de transmissão de TV a curto prazo. Então, o crescimento (desses valores) tende a ser um pouco mais lento do que nos exemplos extremados da Inglaterra e Espanha. É preciso ter uma expectativa justa de receitas”, analisa o economista e sócio da consultoria Convocados Cesar Grafietti.

O futebol brasileiro ainda ficou em banho-maria durante dois anos da pandemia, e isso esfriou alguns negócios. Foram temporadas de sobrevivência.

De olho na Itália

A chegada de americanos também passou a ocorrer recentemente na Itália. Na primeira divisão do calcio, oito dos vinte clubes – incluindo Milan e Roma – são de propriedade de empresários americanos.

Existe o elo emocional com o país – alguns dos bilionários são ítalo-americanos –, com interesse na cultura, gastronomia e história. Mas o principal motivo é a avaliação de que também se trata de uma liga subvalorizada e com chance de crescimento exponencial de receitas.

O futebol italiano já foi o melhor e mais prestigiado da Europa. Para os envolvidos, trata-se de uma oportunidade de mercado difícil de recusar. Os americanos acreditam que o calcio pode ser mais bem gerido, com aumento significativo de receitas e modernização dos antigos estádios do país. É uma liga forte e que sonha em se aproximar financeiramente dos rivais ingleses e espanhóis.

As “armadilhas” talvez não sejam óbvias para investidores americanos que desconhecem a fundo o seu novo negócio. Muitos desses investidores americanos têm experiências com outros esportes, especialmente no futebol dos Estados Unidos, beisebol e basquete, que se organizam de forma bem distinta do soccer tradicional fora do país. Esses esportes americanos não têm ligas concorrentes estrangeiras e os donos precisam aprender como o jogo funciona.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Surto de salmonella no Kinder Ovo provoca fechamento de fábrica na Bélgica
Familiares chegam à Argentina para acompanhar buscas de avião desaparecido
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play