Segunda-feira, 20 de maio de 2024

Enchente em Porto Alegre está longe do fim, avaliam meteorologistas

Com base em mapas climáticos, a empresa Metsul Meteorologia estima que a cheia do Guaíba está longe do fim em Porto Alegre. Embora o Guaíba tenha baixado para 5 metros no fim da noite dessa quarta-feira (8), uma combinação de chuva e vento devem prolongar a situação, incluindo novos momentos de elevação do nível da água.

“Nesta quinta-feira, por exemplo, vento sul no setor norte da Lagoa dos Patos e o ingresso de uma massa de ar mais frio vai gerar represamento, causando alta temporária ou reduzindo o ritmo de baixa das águas”, projeta a equipe. “O problema é o que vem depois. Superado o vento sul, o Guaíba tende a uma trajetória de baixa com menor vazão dos rios que desembocam na Capital. E esta vazão em queda não será duradoura”.

A chuva que se prevê nos afluentes até a segunda-feira (13) será excessiva, com volumes equivalentes a um ou dois meses de precipitação em apenas quatro dias, trazendo muita água ao Guaíba na semana que vem. Nos modelos analisados pela Metsul, isso sinaliza uma nova elevação das águas.

“Não bastasse, a chuva por vezes será forte na cidade, agravando os alagamentos devido ao comprometimento da macrodrenagem”, alerta. “A rede pluvial, saturada de água do Guaíba, será incapaz de absorver o grande volume de água da chuva em parte da cidade.”

O vento deve ser outro aspecto complicador. Com o ingresso de uma massa de ar frio de origem polar na semana que vem, de terça para a quarta-feira, haverá um vento sul forte, com nova alta do Guaíba. “Quando o vento sul sopra forte, o Guaíba pode subir até 50 centímetros em poucas horas”, finalizam os meteorologistas.

Agravamento no Interior

Ainda de acordo com a Metsul, a enchente na Região Sul do Estado por causa da cheia da Lagoa dos Patos (que recebe as águas dos rios e do Guaíba), atingirá grandes proporções. Já iniciado, o processo deve se agravar até a próxima semana:

“A quantidade de água que está descendo os cerca de 300 quilômetros entre o Guaíba e a parte Sul da Lagoa dos Patos, tecnicamente Laguna dos Patos, é colossal. Todos os rios que desaguam na Lagoa tiveram enchente recorde ou histórica. O maior deles, o Jacuí, alcançou volume absurdamente alto, o que explica a catástrofe em seu delta na Grande Porto Alegre”.

A usina de Dona Francisca atingiu no final de abril a capacidade máxima do vertedouro (vazões de 10.600 metros-cúbicos por segundo). Essa vazão recorde equivale à cheia decamilenar da barragem, ou seja, o que poderia se esperar em recorrência estimada uma vez a cada 10 mil anos. “A quantidade de água que avança pela Lagoa dos Patos jamais foi vista”, detalha a análise.

A água pode alcançar locais de Pelotas em que jamais chegou, inclusive o Centro. Grandes áreas da quarta cidade mais populosa do estado e a maior da Metade Sul gaúcha vão ficar debaixo d´água. Em alguns locais, a inundação será severa a extrema.

O nível da Lagoa em Pelotas estava estável em 2,10 metros no meio da manhã de hoje, mas subirá. A prefeitura de Pelotas divulgou mapa de áreas de risco de inundação que cobre uma extensa área da cidade. Não será surpresa se este mapa for ampliado para outras áreas.

Não há referências históricas de onde a água pode chegar porque nunca houve evento desta magnitude, além de existir a complicação por vento que muda de direção e intensidade a cada dia. Rio Grande deve ser outra cidade severamente afetada pelas inundações à medida que chega a maior quantidade de água vinda do Norte em direção ao canal de desague no Oceano Atlântico.

Também em Rio Grande haverá inundação significativa em vários pontos. São prováveis inundações que afetem trechos de rodovias da região com bloqueios ou totais ou parciais. Com o grande volume de águas, o tamanho das lagoas deverá se expandir com as águas inundando lavouras ainda não colhidas e atingindo o gado. Será uma situação tão extraordinária que as lagoas Mirim e dos Patos podem se unir pela inundação na região e no canal São Gonçalo, formando uma única e grande massa d´água.

(Marcello Campos)

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