Sexta-feira, 06 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de junho de 2025
Google e a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) em diversas oportunidades afirmam ser favoráveis à regulação das redes e da IA (inteligência artificial), mas quando o debate é público e aberto, elas fogem. Ironicamente, à medida que as duas gigantes se afastam do debate aberto, a proximidade com políticos e alguns partidos, particularmente de direita, avança rapidamente.
O segundo Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, partido de Bolsonaro, que aconteceu na semana passada, contou com apoio do Google e da Meta, como indica o material de divulgação do evento nas redes sociais do PL.
“O Google já confirmou sua participação, falando tudo sobre como a inteligência artificial pode potencializar sua comunicação”, diz um dos posts do evento no perfil do PL no Instagram. “Essa é a oportunidade de se atualizar e aprender com quem entende do assunto”, afirma.
Por outro lado, no 5ª Congresso Brasileiro de Internet, que aconteceu semana anterior em Brasília, nenhum sinal de Google e Meta.
Chama atenção, já que enquanto Google e Meta apoiam o Seminário do PL, ignoram o Congresso promovido pela Associação Brasileira de Internet (Abranet) e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio). Representantes da Anatel, Ancine, Nic.br, CGI.br, Ministério da Fazenda, Ministério da Justiça, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), bancos como Itaú, Pagbank e Banco Original, além de empresas de tecnologia e representantes da sociedade civil passaram pelo palco expondo suas considerações sobre regulação.
Pode não haver um consenso, mas a direção está cada vez mais clara e ela não favorece as “big techs”. E essa talvez seja a questão. Enquanto um encontro discute tecnologia e políticas públicas com especialistas e tem a regulação das redes e da IA como tema central, o outro basicamente se opõe a qualquer forma de regulação digital. No perfil do PL, há diversos posts de representantes do partido atacando a regulação das redes, por exemplo.
O problema para as duas gigantes do Vale do Silício é que entre especialistas e estudiosos do tema, cresce o consenso de que alguma forma de regulação é indispensável para proteger a sociedade e evitar que sejam repetidos com a IA os erros cometidos com as redes sociais no passado.
Narrativas enganosas como a de que regular as redes sociais seria o equivalente a combater a liberdade de expressão, ou ainda que regular a IA vai inibir a inovação, caem por terra rapidamente, como se viu ao longo do Congresso.
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, foi um dos palestrantes no Congresso da Internet que defendeu a necessidade urgente de regulação, equilibrando os avanços tecnológicos com a proteção de direitos fundamentais.
“A inteligência artificial precisa ser regulada para proteger direitos fundamentais, como a própria liberdade de expressão, as liberdades individuais de uma maneira geral, para proteger a democracia e a massificação da desinformação, dos discursos de ódio de uma maneira geral e dos ataques à democracia”, disse Barroso, acrescentando que “também precisa ser regulada para ter uma governança que dê a transparência e controlabilidade humana naquilo que envolve decisões que repercutam sobre pessoas”.
O fato é que Google e Meta, assim como o PL e os mais radicais da direita, não querem mudar absolutamente nada, o caos digital os favorece. Em um fórum como o Congresso da Internet, onde o público é formado por especialistas que entendem as engrenagens do sistema, as “big techs” ficam expostas.
Porém, enquanto Google e Meta se prendem ao passado e querem manter as coisas como estão (por piores que sejam), a OpenAI mostra postura oposta à de suas concorrentes.
Josiara Diniz, gerente de Políticas Públicas da OpenAI, participou do evento e aceitou debater a regulação da IA no palco. Talvez a principal pista para a diferença de postura da dona do ChatGPT para suas concorrentes mais antigas seja a maneira que elas se vejam. “Nós não somos uma ‘big tech’”, explica a representante da OpenAI.
Se a OpenAI é uma “big tech” ou startup é um tema aberto para debate, já que apesar de avaliada em até US$ 300 bilhões, ainda perde rios de dinheiro. Mas a empresa se mostra aberta a conversas sobre regulação, como sua presença no evento indica.
“É muito importante que o texto da lei permita o treinamento dos modelos em português, isso está casado com um Plano Brasileiro de Inteligência Artificial que visa treinar modelos em português, com acesso a dados locais e que consiga entender características e diversidades de linguística, sociais e culturais”, disse Diniz. “Hoje, o texto da lei não está caminhando nesse sentido. Nosso objetivo no debate é tentar, enfim, dar luz a esse movimento e a esse incentivo para que isso seja levado em consideração pelos legisladores”, afirmou.
Diniz afirmou que o Brasil já é o terceiro maior usuário do ChatGPT no mundo, mas somente 0,5% a 2% do conteúdo on-line do mundo é em português. As informações são do jornal Valor Econômico.
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de junho de 2025
Google e a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) em diversas oportunidades afirmam ser favoráveis à regulação das redes e da IA (inteligência artificial), mas quando o debate é público e aberto, elas fogem. Ironicamente, à medida que as duas gigantes se afastam do debate aberto, a proximidade com políticos e alguns partidos, particularmente de direita, avança rapidamente.
O segundo Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, partido de Bolsonaro, que aconteceu na semana passada, contou com apoio do Google e da Meta, como indica o material de divulgação do evento nas redes sociais do PL.
“O Google já confirmou sua participação, falando tudo sobre como a inteligência artificial pode potencializar sua comunicação”, diz um dos posts do evento no perfil do PL no Instagram. “Essa é a oportunidade de se atualizar e aprender com quem entende do assunto”, afirma.
Por outro lado, no 5ª Congresso Brasileiro de Internet, que aconteceu semana anterior em Brasília, nenhum sinal de Google e Meta.
Chama atenção, já que enquanto Google e Meta apoiam o Seminário do PL, ignoram o Congresso promovido pela Associação Brasileira de Internet (Abranet) e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio). Representantes da Anatel, Ancine, Nic.br, CGI.br, Ministério da Fazenda, Ministério da Justiça, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), bancos como Itaú, Pagbank e Banco Original, além de empresas de tecnologia e representantes da sociedade civil passaram pelo palco expondo suas considerações sobre regulação.
Pode não haver um consenso, mas a direção está cada vez mais clara e ela não favorece as “big techs”. E essa talvez seja a questão. Enquanto um encontro discute tecnologia e políticas públicas com especialistas e tem a regulação das redes e da IA como tema central, o outro basicamente se opõe a qualquer forma de regulação digital. No perfil do PL, há diversos posts de representantes do partido atacando a regulação das redes, por exemplo.
O problema para as duas gigantes do Vale do Silício é que entre especialistas e estudiosos do tema, cresce o consenso de que alguma forma de regulação é indispensável para proteger a sociedade e evitar que sejam repetidos com a IA os erros cometidos com as redes sociais no passado.
Narrativas enganosas como a de que regular as redes sociais seria o equivalente a combater a liberdade de expressão, ou ainda que regular a IA vai inibir a inovação, caem por terra rapidamente, como se viu ao longo do Congresso.
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, foi um dos palestrantes no Congresso da Internet que defendeu a necessidade urgente de regulação, equilibrando os avanços tecnológicos com a proteção de direitos fundamentais.
“A inteligência artificial precisa ser regulada para proteger direitos fundamentais, como a própria liberdade de expressão, as liberdades individuais de uma maneira geral, para proteger a democracia e a massificação da desinformação, dos discursos de ódio de uma maneira geral e dos ataques à democracia”, disse Barroso, acrescentando que “também precisa ser regulada para ter uma governança que dê a transparência e controlabilidade humana naquilo que envolve decisões que repercutam sobre pessoas”.
O fato é que Google e Meta, assim como o PL e os mais radicais da direita, não querem mudar absolutamente nada, o caos digital os favorece. Em um fórum como o Congresso da Internet, onde o público é formado por especialistas que entendem as engrenagens do sistema, as “big techs” ficam expostas.
Porém, enquanto Google e Meta se prendem ao passado e querem manter as coisas como estão (por piores que sejam), a OpenAI mostra postura oposta à de suas concorrentes.
Josiara Diniz, gerente de Políticas Públicas da OpenAI, participou do evento e aceitou debater a regulação da IA no palco. Talvez a principal pista para a diferença de postura da dona do ChatGPT para suas concorrentes mais antigas seja a maneira que elas se vejam. “Nós não somos uma ‘big tech’”, explica a representante da OpenAI.
Se a OpenAI é uma “big tech” ou startup é um tema aberto para debate, já que apesar de avaliada em até US$ 300 bilhões, ainda perde rios de dinheiro. Mas a empresa se mostra aberta a conversas sobre regulação, como sua presença no evento indica.
“É muito importante que o texto da lei permita o treinamento dos modelos em português, isso está casado com um Plano Brasileiro de Inteligência Artificial que visa treinar modelos em português, com acesso a dados locais e que consiga entender características e diversidades de linguística, sociais e culturais”, disse Diniz. “Hoje, o texto da lei não está caminhando nesse sentido. Nosso objetivo no debate é tentar, enfim, dar luz a esse movimento e a esse incentivo para que isso seja levado em consideração pelos legisladores”, afirmou.
Diniz afirmou que o Brasil já é o terceiro maior usuário do ChatGPT no mundo, mas somente 0,5% a 2% do conteúdo on-line do mundo é em português. As informações são do jornal Valor Econômico.