Terça-feira, 15 de julho de 2025

Enquanto tenta se fortalecer para sua recondução no cargo, o procurador-geral da República cita suposta “sabotagem” interna e abre investigação no órgão

Enquanto tenta angariar apoios para ser reconduzido ao cargo, o procurador-geral da República Augusto Aras afirmou que vem sendo alvo de uma suposta “sabotagem” dentro do Ministério Público Federal (MPF). Em entrevista ao portal Consultor Jurídico (Conjur), ele relatou problemas como “apagões em repartições específicas do órgão durante reuniões consideradas importantes e instabilidades em serviços informatizados”, entre outras situações.

“Há uma evidente sabotagem. Tentam apagar todos os registros da nossa administração. As críticas em tempos de sucessão na PGR são comuns, mas estou sendo sabotado há cerca de 60 dias. Todo dia há problemas novos que ninguém sabe quem criou”, declarou Aras ao site.

Entre os tipos de sabotagens, o procurador-geral pontuou apagões em repartições específicas do órgão durante reuniões consideradas importantes, instabilidades em serviços de informação e releases publicados no site da PGR. Segundo a reportagem, pessoas próximas a Aras também notaram desaparecimento de processos e que arquivos somem e voltam a aparecer em sistemas internos do MPF.

Um dos episódios citados na reportagem ocorreu no dia 28 de junho, quando a energia caiu durante uma reunião entre procuradores, diretores do Banco Central e representantes do mercado financeiro. Ao Conjur, o procurador-geral informou que determinou a abertura de uma investigação interna para apurar as suspeitas de sabotagem.

Nas últimas semanas, Aras vem se encontrando com políticos e pessoas ligadas ao governo para tentar se cacifar a uma recondução ao posto. Ele assumiu a PGR em 2019 após ser escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, na primeira vez em que foi indicado um nome fora da lista tríplice definida pelo MPF. Em 2021, ele foi reconduzido ao cargo por Bolsonaro para um novo mandato, que vai até setembro.

“O orçamento é o mesmo há 20 anos. Usei para pagar frotas de helicópteros e lanchas para facilitar a locomoção em locais afastados, fizemos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) no Brasil inteiro, todos providos de servidores. Estamos aumentando a presença da PGR na Amazônia para combater crimes ambientais, o crime organizado e os crimes contra povos originários”, enumerou Aras ao Conjur, em tom de campanha.

Recentemente, Aras ganhou elogios públicos de importantes caciques petistas, como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. A decisão, no entanto, compete apenas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores, o favorito, até o momento, é o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco.

Críticas

Aras tem virado alvo de críticas cada vez mais duras dos setores que não concordam com sua recondução ao cargo, principalmente por sua inércia diante de denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e na suposta omissão durante a pandemia de covid-19. O apoio a ele dentro do PT conta com nomes de seus conterrâneos: o ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descarta a permanência de Aras, porém integrantes do governo e do MPF dizem que o petista ainda não está preocupado com essa escolha no momento. O mandato de Aras termina em 26 de setembro.

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