Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de outubro de 2025
A viagem do presidente russo Vladimir Putin a Budapeste para se encontrar com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta obstáculos diplomáticos e logísticos inéditos. O encontro, que deve ocorrer nas próximas duas semanas, foi celebrado pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán como um passo em direção à paz na Ucrânia.
O governo da Hungria confirmou que pretende sediar a cúpula entre os dois líderes para discutir o fim da guerra, mas a chegada de Putin ao país da União Europeia depende de uma exceção formal às sanções que proíbem aeronaves russas de sobrevoar o espaço aéreo do bloco desde 2022. Sem essa autorização, o avião presidencial russo teria de adotar uma rota longa e complexa, passando por Turquia e Sérvia antes de chegar a Budapeste, o que aumentaria em até três horas o tempo de voo.
“Ele precisa obter permissão para sobrevoar certos países. Não quero especular sobre como isso vai acontecer. Mas estou feliz por não ser seu planejador de viagens”, disse um diplomata europeu ouvido pela imprensa internacional.
A Comissão Europeia confirmou que, apesar das restrições, países da UE podem conceder permissões individuais de sobrevoo para autoridades russas. “Tais derrogações devem ser concedidas individualmente pelos Estados-membros”, explicou a porta-voz Anitta Hipper, acrescentando que nem Putin nem o chanceler russo, Sergey Lavrov, estão sob sanções pessoais que impeçam viagens.
Ainda assim, o deslocamento de Putin envolve um problema adicional. O presidente russo é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra relacionados à deportação de crianças ucranianas. Como signatária do TPI, a Hungria teria, em tese, a obrigação de cumprir a ordem de prisão caso o líder russo entrasse no país.
Budapeste, porém, já sinalizou que não pretende executar o mandado. “Garantiremos que ele entre na Hungria, tenha negociações bem-sucedidas aqui e depois retorne para casa”, afirmou o ministro das Relações Exteriores húngaro, Péter Szijjártó, na sexta-feira (17).
O primeiro-ministro Viktor Orbán, aliado político de longa data de Moscou e de Trump, celebrou o anúncio da reunião. “O encontro planejado entre os presidentes americano e russo é uma ótima notícia para os povos amantes da paz do mundo. Estamos prontos”, escreveu em uma publicação na rede X.
Enquanto os preparativos avançam, a principal incerteza permanece em torno do trajeto do avião presidencial russo e da reação europeia à presença de Putin em solo da União Europeia — uma viagem que, além de diplomática, se tornou também um desafio legal e logístico. Com informações do portal R7.