Quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Entenda o que um incêndio no Paraná tem a ver com o apagão que atingiu todo o País

Durante a madrugada dessa terça-feira (14), um apagão atingiu todos os 26 estados e o Distrito Federal. A falha elétrica foi causada por um incêndio em uma subestação no Paraná, o que causou uma interrupção no fluxo de energia para uma realocação das cargas de energia.

O ministro Alexandre Silveira explicou que a falha ocorreu por conta de um “problema elétrico” pontual, e não por falta de energia.

* Mas por que isso aconteceu?

Quase todo o Brasil é coberto pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável pela transmissão de energia entre as regiões do País.

São usinas, subestações e redes de distribuição que formam um único sistema de quase 180 mil quilômetros de linhas de transmissão.

Essas linhas permitem que a energia seja transferida de uma região para outra. Assim, a produção de uma usina hidrelétrica pode, por exemplo, ser enviada a um estado onde os reservatórios estão mais vazios devido à falta de chuva.

A rede básica de transmissão é estruturada por essas grandes torres que a gente vê, geralmente, às margens das estradas. Toda a geração de energia – vinda das usinas, por exemplo – se conecta a esse sistema. E todo o consumo é ligado a ele.

Há três etapas, incluindo o sistema integrado de transmissão, que mostram os caminhos da energia até o consumo na ponta. São elas:

* Geração de energia: quando recursos naturais passam por processos para geração de energia, como nas usinas hidrelétricas, campos eólicos, placas de energia solar, gases naturais, entre outros.

* Transmissão via sistema integrado: uma vez gerada, essa energia é conectada ao sistema nacional de transmissão, que percorre as regiões do país.

* Distribuição: as torres de alta tensão levam a energia aos centros das cidades.

A partir daí, as subestações das distribuidoras levam a energia às casas, ao comércio e às indústrias, por exemplo.

Efeitos

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, explicou os motivos do apagão. Segundo Silveira, a estação em que ocorreu um incêndio gerou uma interrupção de grande porte na transmissão de energia, por se tratar de uma subestação importante.

A subestação de Bateias, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), produz um grande volume de tensão elétrica: 500kV (quilovolts).

500kV é uma tensão elétrica de extra-alta tensão usada para transmitir grandes quantidades de energia por longas distâncias com perdas mínimas. Essa tensão é comum em subestação de transmissão, onde a energia é rebaixada para níveis mais baixos (como 230 kV ou 69 kV) destinados à distribuição.

O acidente desligou toda a subestação de 500 quilovolts (kV), desconectando os fluxos de energia entre as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, ocasionando contingência severa, como explicou o ministério. Por isso, foi necessário desligar 10 megawatts (MW) de carga, de forma controlada, por prevenção.

Como o sistema de transmissão funciona de forma “praticamente automatizada” pelo Operador Nacional de Sistema (ONS), houve um corte programado de energia, para impedir uma interrupção mais significativa no país.

“O sistema perdendo uma subestação desse volume de energia (500kV), ele corta programadamente um percentual em cada estado mais próximo e em alguns outros estados, onde é necessário se fazer uma reprogramação da carga. Assim foi feito, nós imediatamente fomos acionados”, explicou Silveira.

Funcionamento

O sistema elétrico nacional funciona em equilíbrio entre a energia que é gerada e a demanda elétrica do País.

Quando há uma situação de grande porte, como foi o caso de um incêndio em uma subestação importante no Paraná, pode ocorrer um desequilíbrio nessa proporção. Ou seja, em algum momento, passa a haver uma carga maior do que a geração de energia, porque uma das fontes de geração foi comprometida.

A partir daí, é acionado o ERAC: Esquema Regional de Alívio de Carga. O próprio sistema identifica que houve um problema e atua cortando as cargas da região, de forma automatizada, para garantir a retomada do equilíbrio na geração elétrica.

Por exemplo: considerando este tipo de perturbação (um incêndio em uma subestação importante), o sistema entende que precisa cortar X% das cargas. E aí as concessionárias de distribuição promovem esse corte automático de X% no fornecimento de energia para retomar o equilíbrio.

Após esse corte, uma vez que o sistema estiver funcionando de forma adequada, começa o processo de recomposição de cargas, e a retomada do fornecimento elétrico a todos.

De acordo com o ministério, o retorno dos equipamentos e a recomposição da transmissão de energia se deu de maneira controlada logo nos primeiros minutos, e até 1h30 da manhã, todas as cargas das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-oeste foram restabelecidas.

Ou seja, o incêndio ocorreu às 0h32. Por volta de 1h30 da manhã, as cargas da maior parte das regiões já haviam sido restabelecidas. Apenas a região Sul demorou um pouco mais e foi a última a ter o fornecimento de energia normalizado, às 2h30 da manhã.

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