Sábado, 25 de janeiro de 2025

Entenda por que o governo não quis que a Petrobras distribuísse os dividendos extraordinários

Em meio à polêmica sobre os dividendos da Petrobras, parece contraintuitivo que o governo federal tenha trabalhado para que a empresa segurasse o dinheiro em caixa. Afinal, do bolo pago aos acionistas, o Tesouro Nacional receberia 37% do dinheiro para incorporar ao orçamento.

Por que, então, houve um esforço para que os dividendos não fossem inteiramente repassados?

Os acionistas da Petrobras já esperavam um repasse menor de dividendos, desde que uma nova política de dividendos foi anunciada, em julho do ano passado. De acordo com as novas regras, a distribuição passou de 60% para 45% do fluxo de caixa livre da empresa.

A destinação dos 55% restantes fica a critério do Conselho de Administração. Podem ser inteiramente distribuídos ou destinados aos planos de investimento da empresa. O mercado esperava que até US$ 8,5 bilhões fossem distribuídos como dividendos extraordinários — o que não aconteceu.

Na decisão anunciada na última semana, a verba foi destinada para um caixa de contingência, que também não poderia ser revertido para investimentos, como explicou nesta semana o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O governo e seus representantes na Petrobras entendem que a verba no caixa passa uma imagem maior de vigor financeiro da Petrobras. E isso é importante em um momento em que a empresa quer adotar uma estratégia de aumentar os investimentos, e requer uma busca por financiamentos no mercado.

Ou seja: mesmo que o governo não possa usar o dinheiro para investir diretamente, ele serve de reforço para que a empresa capte empréstimos mais baratos — para, então, investir.

Dinheiro em caixa

O governo entende que é positivo mostrar para o mercado que a Petrobras tem muito dinheiro em caixa. Foi o que o diretor de Financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, explicou em conferência com analistas de bancos e investidores.

“Tivemos resultado expressivo e endividamento baixo. Isso leva à conta que os analistas fizeram, de uma folga para pagamento de dividendo extraordinário. De fato, existe essa folga, só que o Conselho de Administração decide encaminhar para a reserva”, afirmou.

Segundo Leite, a Petrobras quer desembolsar mais capital em 2024 e 2025 para investimentos previstos no plano estratégico da companhia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao SBT, deixou clara essa motivação. Ele disse que a estatal tem que pensar não só nos acionistas, mas também na população brasileira. Segundo Lula, nesse momento, é positivo para a população que a Petrobras faça fortes investimentos.

“A Petrobras tem que pensar no investimento, pensar em 200 milhões de brasileiros que são donos ou sócios dessa empresa” afirmou o presidente.

“Nós tivemos uma conversa séria aqui no governo com a direção da Petrobras, porque a gente acha que é importante pensar na Petrobras, é preciso a gente pensar nos acionistas, mas é preciso a gente pensar no povo brasileiro”, completou o presidente. Silveira explicou que os dividendos extraordinários podem ser pagos no futuro, assim que a empresa entender que os objetivos com a retenção foram atendidos.

“Assegurada a tranquilidade de que a empresa está fazendo os seus investimentos, seu plano de investimentos está adequado, em qualquer momento a empresa pode sim através do seu conselho, rever a possibilidade [de distribuir os dividendos extraordinários]. Não é rever a decisão, a decisão foi correta”, disse.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Preocupado com queda de popularidade, presidente quer mais empenho de auxiliares na divulgação de iniciativas do governo
Apesar da melhora de índices como inflação e desemprego, aprovação da gestão Lula caiu; fenômeno se repete nos Estados Unidos
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play