Domingo, 05 de maio de 2024

Entidade indígena leva desaparecimento de jornalista e indigenista à Corte de Haia; embaixada admite erro

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) incluiu nesta terça-feira (13), o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips a uma denúncia enviada ao Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, contra a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso de Pereira e Phillips foi adcionado a uma outra manifestação da entidade, protocolada em agosto de 2021, que atribuía ao chefe do Executivo a responsabilidade de crime genocídio contra os povos indígenas desde o início do seu mandato, com foco no período da pandemia da Covid-19.

O novo documento afirma que o desaparecimento da dupla ressalta uma “omissão estatal na realização das buscas” e ainda defende que uma possível ocorrência de um crime são consequências da “política anti-indígena de Jair Bolsonaro”.

No quinto dia do desaparecimento, o governo federal ainda não tinha deslocado de outros Estados soldados da Força Nacional de Segurança para atuar nas buscas ou decretou Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ao contrário do que costuma ocorrer em casos que envolvem regiões com pouca estrutura de segurança.

Não se tem notícias do paradeiro do jornalista e do indigenista desde o dia 5 de junho. A dupla estava em uma viagem, de saída da comunidade São Rafael para Atalaia do Norte. O mais recente rastreamento que se tem de Pereira e Phillips veio de dados de localização fornecidos via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, conforme relato da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que mantinha contato com a dupla.

Bolsonaro afirma que autoridades do País têm trabalhado “desde o primeiro momento” para localizar o jornalista britânico e o indigenista. “Desde o último domingo (5), quando tivemos informação que dois cidadãos desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, as nossas forças armadas e PF têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, disse Bolsonaro durante a Cúpula das Américas.

Embaixada do Brasil admite erro

A Embaixada do Brasil no Reino Unido enviou nesta terça-feira (14) um pedido de desculpas à família do jornalista britânico Dom Phillips, desaparecido na Amazônia, por ter informado erroneamente que o corpo dele e do indigenista brasileiro Bruno Pereira haviam sido encontrados.

O envio do pedido de desculpas foi confirmado ao blog pelo embaixador, Fred Arruda. A família também confirmou ao blog ter recebido a retratação.

Na manhã de segunda-feira (13), um representante da embaixada ligou para o cunhado e a irmã de Phillips no Reino Unido para dizer que os corpos tinham sido achados amarrados a uma árvore. A informação foi, então, divulgada à imprensa pela mulher do jornalista, Alessandra Sampaio.

Depois, porém, a Polícia Federal negou que eles tivessem sido encontrados. A associação indígena Univaja, que denunciou os desaparecimentos há mais de uma semana na região do Vale do Javari, no Amazonas, também não confirmou.

Nesta terça, o embaixador enviou a mensagem de retratação à família, conforme revelado pelo jornal britânico “The Guardian”.

“Estamos profundamente sentidos que a Embaixada tenha passado uma informação à família ontem que não se provou correta”, diz trecho da mensagem, conteúdo ao qual o blog também teve acesso.

Em audiência na Câmara do Deputados nesta terça, a mulher de Bruno, a antropóloga Beatriz Matos, cobrou respostas verdadeiras e concretas sobre o desaparecimento do marido na Amazônia. O relato foi feito para a imprensa, que não pôde gravar a sessão, pela deputada Vivi Reis (PSOL-PA).

Nesta terça, servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) fizeram um ato em frente ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília, pedindo uma retratação do presidente do órgão, Marcelo Augusto Xavier da Silva, por dizer que o indigenista Bruno Pereira, servidor licenciado da Funai não tinha autorização para estar na área onde desapareceu.

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