Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de setembro de 2023
Ainda era noite quando o terremoto de magnitude 6,8 fez com que milhares de marroquinos fugissem de suas casas em pânico. Um tremor secundário, de magnitude 4,9, ocorreu 19 minutos depois. Embora o epicentro tenha sido nas montanhas do Alto Atlas, no centro do território, muitas vítimas estão na cidade histórica de Marraquexe, a 71 quilômetros de distância.
Já são mais de 2 mil mortos e pelo menos 2.059 feridos. Destes, 1.404 estão em estado grave, segundo informações do Ministério do Interior de Marrocos, divulgadas neste sábado (9). O número só cresce à medida em que as buscas avançam.
Em Marrakesh, o marroquino Mohamed Alibou, que se divide entre a sua terra natal e o Brasil, contou que o prédio onde vive “começou a balançar, todo mundo saiu”. Ele mora sozinho em um apartamento no polo moderno que se contrapõe à famosa Medina do século 12 dentro de Marrakesh, onde o estrago foi grande.
Na cidade milenar, as antigas construções em um terracota característico vieram abaixo em vielas apertadas, quase que umas sobre as outras. Monumentos históricos da arquitetura muçulmana, como a histórica mesquita Koutoubia, também não passaram ilesos e chegaram a ser atingidos, embora a extensão dos danos não esteja clara.
Já no polo moderno de Marrakesh, a madrugada foi marcada pelo medo, mesmo entre os moradores dos prédios mais modernos e, portanto, mais resistentes. “Caiu a luz da cidade, muitas famílias dormiram na rua com medo que o tremor voltasse”, lembrou Mohamed.
Quando perguntado se também permaneceu na rua, ele respondeu em um tom surpreendentemente calmo que não. Voltou para o apartamento logo depois do tremor: “achei que se fosse para morrer, morreria em casa ou na rua então voltei para o meu apartamento”.
Mas nem todos conseguem manter a mesma tranquilidade. Mohamed, um agente de viagens, conta que teve contato com alguns turistas que estavam apavorados. “Algumas pessoas chegaram ontem e já estavam procurando passagens de volta”.
Fayssal Badour disse que dirigia quando o sismo ocorreu. “Eu parei e percebi que era um desastre. Os gritos e o choro eram insuportáveis.”
Secretário de Caçapava
O brasileiro Stener Camargo de Oliveira relatou que “a sensação era de que o chão ia abrir”. Stener, que trabalha como secretário de Cultura e Turismo do município gaúcho Caçapava do Sul, estava representando a região na 10ª Conferência Internacional de Geoparques Mundiais da UNESCO, que ocorreu no Marrocos, quando foi surpreso pela catástrofe.
“Eu e mais 3 colegas que estão na missão da UNESCO voltávamos do jantar e estávamos na praça principal quando de repente sentimos um tremor aos nossos pés”, disse ele. “Subiu muita poeira principalmente da mesquita e não sabíamos o que era, tentamos perguntar as pessoas e tinha muita gente correndo. Uns 5 minutos depois entendemos que havia sido um terremoto”.
Stener contou ainda que o grupo “ia caminhando e os caminhos estavam trancados ou sem luz. Milhares de pessoas nas ruas. Caminhamos até aproximadamente 4 da manhã até que encontramos o local onde estava o pessoal do Brasil”, disse ele.