Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de maio de 2025
Acuados pela ofensiva da oposição bolsonarista, ministros usaram a entrevista coletiva desta quinta-feira sobre a crise no INSS para tentar desvincular o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da origem do esquema de desvio de descontos indevidos de aposentadorias e para tentar passar a imagem de que a atual gestão tem agido e não está perdida diante do escândalo.
Logo na abertura da entrevista, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, disse que recebeu uma determinação de Lula para que “fosse às últimas consequências na busca dos culpados”. Em seguida, Vinicius de Carvalho, titular da Controladoria-Geral da União (CGU), enfatizou que era preciso “esclarecer melhor” como isso começou. Lembrou que os descontos em folha para repasses para associações existem desde 1991 e buscou enfatizar que a viabilização do esquema aconteceu antes da posse de Lula, em 2023:
“A partir de um determinado período os valores desse desconto, principalmente em 2019, começam a aumentar (…) Em 2022, tivemos um momento em que cai por terra a exigência de revalidação periódica dessas entidades. Nesse mesmo período, algumas associações são criadas com esse objetivo fraudulento. Infelizmente, em 2023 e 2024, essas associações que se organizaram naquele período conseguiram perpetuar esses descontos fraudulentos.”
O advogado-geral da União, Jorge Messias, optou por usar palavras de impacto para explicar as ordens que recebeu de Lula sobre o caso: “O presidente tem uma determinação, que é responsabilizar todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas nessa fraude, doa a quem doer. Não ficará pedra sobre pedra nesse processo”.
Messias, além de anunciar que a AGU pedirá o bloqueio dos bens de entidades, prometeu que o governo não será omisso: “O que não podemos neste momento é sermos omissos, e não seremos. Preferimos atuar, em caráter excepcional, para compensar cada vítima que foi lesada por esse escândalo criminoso”.
Alinhado com o colega Vinicius de Carvalho, o advogado-geral da União disse que o esquema foi montado na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
“Está muito claro que uma tecnologia criminosa, um modelo criminoso, uma engenharia criminosa foi montada no governo anterior, nos estertores do governo anterior. Nós conseguimos desbaratar essa fraude, e quero dizer que também não foi fácil.”
De acordo com Messias, não foi fácil descobrir o esquema porque a gestão Lula encontrou o INSS “desmontado”.
Vídeo na mira
“Todos aqui sabem, porque está publicado no nosso relatório da transição, a situação lamentável em que nós encontramos o INSS. Uma autarquia previdenciária desmontada, sem servidores públicos, sem sistema.”
Também lembrou que o INSS usa o sistema da Dataprev, que seria privatizada no governo Bolsonaro.
“A Dataprev foi desmontada para ser vendida no governo anterior. Assim que o presidente Lula assumiu, ele retirou a empresa da lista de desestatização.”
Em tom político, Jorge Messias atacou diretamente o vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), no qual ele acusa o governo Lula de não ter tomado medidas para investigar os descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.
“Vi um deputado que fez um vídeo com o objetivo de lacrar e causar terror e pânico; que ele questione por que o ex-presidente desmontou a empresa pública que dá suporte aos pensionistas para vender. Quero que ele pergunte ao ministro-chefe da Casa Civil do governo anterior quais foram as medidas adotadas quando o Congresso flexibilizou a revalidação dos descontos. Por que o presidente anterior sancionou essa medida?”