Domingo, 19 de maio de 2024

Esporotricose: doença transmitida principalmente por gatos está descontrolada

A esporotricose, doença de pele causada pelo fungo Sporothrix sp., encontrada no solo e em vegetais, está “descontrolada” no País, segundo o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Cicotologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Trata-se de uma micose que provoca lesões na pele e tem avançado em alguns estados do Brasil, além de ter casos registrados na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no Chile. Em maio deste ano, por exemplo, os casos da doença no estado do Rio de Janeiro tiveram uma alta de 260% em uma década, segundo o Ministério da saúde.

Foram 579 ocorrências em 2013 contra 1518 contabilizados até o fim do ano passado. O destaque maior ficou entre crianças e adolescentes — em menores de 15 anos o número de casos saltou de 26, em 2013, para 196, em 2022, uma alta de 750%.

A transmissão no Brasil ocorre principalmente por meio de cães e gatos infectados pelo fungo que podem transmitir para seus donos e outros animais domésticos. Além disso, ele pode entrar pela pele, por arranhões ou cortes, em contato com materiais contaminados, como gravetos, farpas ou espinhos.

Transmissão

Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela implantação do fungo na pele ou mucosa por meio de um trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira; contato com vegetais em decomposição; ou arranhadura ou mordedura de animais doentes, sendo, o gato, atualmente, o principal transmissor da doença, protagonista da Esporotricose de Transmissão Felina (ETF).

Porém, é importante ressaltar que os gatos não são culpados pela esporotricose. Estima-se que a falta de políticas públicas para controlar a disseminação do fungo, como a castração e o tratamento dos gatos, permitiu o espalhamento da esporotricose.

Outra causa estudada é a degradação do meio ambiente ao longo dos anos, com ocupação do solo, desmatamento e construção de moradias, provocando uma desorganização de ecossistemas que antes estavam em equilíbrio e expondo animais e seres humanos a novos patógenos.

Tipos da esporotricose

Segundo o Ministério da saúde, existem quatro tipos da doença. São elas:

– Esporotricose cutânea: caracteriza-se por uma ou múltiplas lesões, localizadas principalmente nas mãos e braços;
– Esporotricose linfocutânea: é a forma clínica mais frequente; são formados pequenos nódulos, localizados na camada da pele mais profunda, seguindo o trajeto do sistema linfático da região corporal afetada. A localização preferencial é nos membros;
– Esporotricose extracutânea: quando a doença se espalha para outros locais do corpo, como ossos, mucosas, entre outros, sem comprometimento da pele;
– Esporotricose disseminada: acontece quando a doença se dissemina para outros locais do organismo, com comprometimento de vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos, fígado).

O fungo também pode invadir o sistema linfático, além dos ossos, e afetar os olhos, o nariz, os pulmões e até o sistema nervoso. Pessoas que vivem com HIV, diabetes, transplantados ou com outras condições imunossupressoras podem apresentar formas graves da doença, sendo necessário, em alguns casos, até mesmo a internação.

Sintomas em gatos e cães

Em cães e gatos, os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente e espirros frequentes. Nos humanos, a esporotricose aparece após a contaminação do fungo na pele. O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.

Caso o fungo afete os ossos e articulações, os sintomas surgem como um inchaço ou dor ao realizar os movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa. As formas clínicas da doença vão depender de fatores como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão.
O período de incubação também é variável, de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a inoculação, ou seja, a entrada do fungo no organismo humano.

Prevenção

O Ministério da saúde recomenda que as pessoas evitem a exposição direta ao fungo, usando luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais.

Além disso, o órgão diz que os indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose devem procurar atendimento médico nos após o surgimento dos primeiros sintomas para investigação, diagnóstico e tratamento.

Apesar de preocupante, a esporotricose tem cura tanto para humanos quanto para os gatos e outros animais a partir de medicamentos anti-fúngicos. O tratamento deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo.

 

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