Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de junho de 2025
Em relatório que se tornou público nessa quarta-feira (16), a Polícia Federal (PF) apurou que a “Abin paralela” — utilização da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento ilegal de autoridades e outros cidadãos — monitorou um gerente geral chamado Alexandre de Moraes, com objetivo de espionar o ministro homônimo do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moraes é o relator do caso no Supremo e foi quem autorizou a quebra de sigilo do relatório da investigação.
Segundo a PF, sistemas “ilegítimos” de consulta eram utilizados para monitoramento, que acabavam resultando em associações erradas, como pesquisa por homônimos — pessoas que compartilham o mesmo nome.
“O registro, por exemplo, associado à pesquisa de “ALEXANDRE DE MORAES SOARES” não apresenta nenhuma justificativa, levando à plausibilidade de terem sido realizadas 3 (três) pesquisas do homônimo do Exmo. Ministro Relator no dia 18/05/2019. O homônimo alvo da pesquisa, ainda, reside no Estado de São Paulo”, aponta o documento.
O gerente-geral Alexandre de Moraes Soares reside em São Paulo e trabalha numa rede de lojas especializadas no mercado varejista doméstico.
As pesquisas foram feitas diversas vezes, e sem nenhuma justificativa, por um agente de inteligência da Abin chamado Thiago Gomes Quinalia. Como mostrou a CNN, Quinalia foi demitido por abandono de cargo em dezembro do ano passado.
Ainda de acordo com a PF, Quinalia fazia parte do quarto núcleo, chamado de Núcleo-evento portaria 157. Eles eram responsáveis por vincular políticos e magistrados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Sigilo
O sigilo do inquérito da Abin Paralela foi retirado nessa quarta pelo próprio ministro Alexandre de Moraes.
A investigação da Abin Paralela apurou a utilização do sistema de inteligência First Mile, contratado pela agência, para monitoramento de dispositivos móveis sem a necessidade de interferência ou ciência das operadoras de telefonia no País. Também não havia autorização judicial para uso.
De acordo com o STF, a decisão de retirar o sigilo “foi tomada após a constatação de vazamentos seletivos de trechos do relatório policial, que resultaram em matérias contraditórias na imprensa”.
A PF aponta os seguintes nomes como principais envolvidos:
* Alexandre Ramagem: apontado como líder operacional da estrutura criminosa na ABIN;
* Carlos Bolsonaro: tido como idealizador da estrutura paralela;
* Jair Bolsonaro: apontado como beneficiário direto das operações;
* Diversos policiais federais e servidores da ABIN: envolvidos na execução e blindagem da estrutura. (Com informações da CNN Brasil)