Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de abril de 2022
Os Estados Unidos acreditam que a Rússia utilizou um míssil balístico de curto alcance em um ataque a uma estação ferroviária no leste da Ucrânia nesta sexta-feira (8), afirmou uma autoridade sênior da área de defesa dos EUA.
A Ucrânia disse que pelo menos 50 pessoas foram mortas e muitas mais ficaram feridas no ataque à estação da cidade de Kramatorsk, que estava cheia de civis que tentavam fugir da ameaça de uma grande ofensiva russa.
A autoridade de defesa dos EUA, que falou em condição de anonimato, disse que o Pentágono acredita que as forças russas utilizaram um míssil Scarab SS-21 no ataque, mas que a motivação para o ato não estava clara.
O SS-21 é o nome utilizado pela aliança militar Otan para um tipo de míssil conhecido como Tochka nas antigas repúblicas soviéticas.
Os Estados Unidos ainda estão analisando o ataque, e não está claro se munições de fragmentação foram utilizadas, afirmou a autoridade norte-americana.
“Não acreditamos na negativa dos russos, que dizem não serem os responsáveis pelo ataque”, disse a autoridade.
O Ministério da Defesa da Rússia disse, segundo a agência de notícias RIA, que os mísseis que atingiram a estação eram usados apenas pelas forças ucranianas, e que as Forças Armadas russas não tinham alvos programados em Kramatorsk nesta sexta.
Escrito
O míssil usado no ataque à estação de trem de Kramatorsk tinha “por nossos filhos” escrito em russo na carcaça.
A frase seria usada por separatistas pró-Rússia como forma de vingar as mortes na guerra de 2014, segundo reportagem da agência francesa AFP.
O governo ucraniano acusa a Rússia de ter realizado deliberadamente o ataque, o que Moscou nega.
De acordo com o governador da região, Pavlo Kyrylenko, 4 mil pessoas estavam na estação no momento do ataque. Elas se enfileiravam para tentar entrar em trens e deixar a região.
Há dias, a Ucrânia pede que moradores das cidades do leste da Ucrânia deixem às pressas a região, onde, segundo Kiev, Moscou prepara fortes ataques.
Kyrylenko afirma que os ataques foram feitos por artilharia russa. O Kremlin e o Ministério da Defesa da Rússia negaram que as forças russas sejam responsáveis pelo ataque.
Bombas de fragmentação
Kyrylenko, afirmou ainda que a Rússia utilizou bombas de fragmentação, munição proibida em 2008 por uma convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) que espalha várias mini-bombas na região atingida, espalhando as explosões para vários lados em alta velocidade.
A Rússia, no entanto, não é signatária do tratado da ONU que proíbe a bomba. Já líderes separatistas da região de Donetsk alegaram que os mísseis foram “uma provocação da Ucrânia”, o que Kiev nega.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque a “milhares de ucranianos pacíficos esperando para serem retirados da área”. Kiev afirmou ainda que os bombardeios a civis foram intencionais.
“Os russos não-humanos não abandonam seus métodos. Sem força e nem coragem de fazer frente a nossas tropas no campo de batalha, eles estão cinicamente destruindo a população civil. Isso é diabólico e não tem limites. E, se não for punida, a Rússia nunca vai parar”, declarou.
Desde o início da semana, a Ucrânia e a Otan afirmam que Moscou prepara uma nova onda de bombardeios no leste e no sul do país.