Quinta-feira, 12 de junho de 2025

Estímulos do governo põem em xeque alta dos juros para conter a inflação

A trajetória que elevou a taxa básica de juros ao maior patamar em quase 20 anos tem demorado para surtir os efeitos desejados, conforme mostra a alta de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no primeiro trimestre de 2025.

O mercado financeiro aposta em queda da taxa Selic apenas em 2026. Com a queda de braço e a desarmonia entre o governo e o Banco Central (BC), as perspectivas recentes apontam que o arrefecimento dos juros básicos aconteça somente na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do próximo ano.

O PIB cresceu pela 15ª vez seguida na comparação com o trimestre anterior. A soma de todos os bens e serviços finais
produzidos no país avançou 1,4% em relação ao último trimestre do ano passado. Tal movimento confirma as expectativas do mercado financeiro e representa, ao lado do resultado de 2023, a maior variação na base de comparação para o período desde 2010 (+2,1%).

A Selic tenta frear o consumo e o aquecimento da economia. Com a elevação da taxa básica de juros a 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006, o dinheiro fica mais caro e isso tendem a desestimular o consumo como alternativa para conter a inflação.

Enquanto o setor do agronegócio vai bem, mas indústria e serviços patinam. Já a disparada de 12,2% da agropecuária serviu de impulso para o desempenho econômico nos três primeiros meses deste ano, a produção industrial encolheu 0,1% e o volume de serviços prestados cresceu 0,3%. Há um ano, os avanços em relação ao quarto trimestre de 2023 foram de, respectivamente, 3,2%, 0,6% e 1,7%.

“O setor industrial está sendo negativamente afetado pela política monetária restritiva”, reforça Rebeca Palis,
coordenadora do IBGE.

A equipe econômica reconhece que a economia nacional perderá força. “Para a segunda metade do ano, a perspectiva é de que o ritmo de crescimento se mantenha próximo à estabilidade na margem, repercutindo os efeitos contracionistas da política monetária”, prevê a Secretaria de Política Econômica (SPE) em nota.

Futuro dos juros

Os diretores do BC voltam a se reunir na próxima semana com a missão de definir o futuro da taxa básica de
juros, a Selic. Ao deixar os próximos passos em aberto no último encontro, a autoridade monetária deixou um grande ponto de interrogação na cabeça dos analistas do mercado financeiro. Eles divergem sobre a possibilidade de fim do ciclo de alta dos juros mesmo com a inflação de maio abaixo das expectativas.

Na ata da última reunião, o Copom defendeu o compromisso de direcionar a inflação para o centro da meta e ressaltou que os próximos passos permanecem incertos, devido a um “cenário de elevada incerteza”. Segundo a autoridade monetária, ainda há preocupação com os impactos efetivos do ciclo de ajustes.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio foi de 0,26%, taxa 0,11 ponto percentual abaixo das previsões do mercado financeiro. Mesmo diante do arrefecimento do índice oficial, a aposta no fim da trajetória de seis altas consecutivas da taxa básica de juros ainda não é unanimidade.

As projeções do mercado mostram Selic inalterada até o fim de 2025. A perspectiva de manutenção da taxa básica de juros em 14,75% ao ano nas próximas cinco reuniões do Copom é formada a partir da mediana das expectativas dos analistas consultados pelo BC.

As previsões individuais variam até 15,25% ao ano. O juro é a principal ferramenta de política monetária para conter a inflação. Com o recente avanço dos preços, a elevação dos juros básicos é utilizada como alternativa para limitar o consumo e, consequentemente, segurar a alta dos preços diante da manutenção da disponibilidade de alimentos e outros bens. Com informações do portal de notícias UOL.

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