Segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Estudo científico mostra que cérebro e intestino estão conectados

Uma pesquisa publicada na revista científica “Nature” pelo gastroenterologista norte-americano Emeran Mayer explica como cérebro e intestino estão conectados. Essa interação tem relevância não apenas na regulação das funções gastrointestinais, mas também no humor e na tomada de decisão intuitiva.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que existe uma complexa rede de terminais nervosos que revestem todo o sistema digestivo, especialmente o sistema intestinal (chamado “sistema nervoso entérico”). Esse deriva evolutivamente de células que migram da crista neural e se instalam definitivamente no intestino.

Há, por sua vez, estruturas no sistema nervoso central que poderiam ser chamadas de parte encefálica do sistema intestinal. A comunicação entre o cérebro e o intestino é estabelecida por meio de vias nervosas, especialmente pelo nervo vago. Mas também pela corrente sanguínea, é claro.

Por outro lado, há outras células intrínsecas localizadas nas camadas mais internas do tubo intestinal (células enteroendócrinas ou enterocromafins) que são repletas de neurotransmissores. Por exemplo, contêm peptídeos (que também se encontram no cérebro) e serotonina.

Na verdade, o intestino é o local da anatomia humana em que se encontra a maior quantidade de serotonina (mais de 90%). O restante se encontra nas plaquetas e apenas 1% no cérebro.

“Microbiota”

Mas o intestino não é apenas um tubo com neurônios próprios e neurotransmissores mais ou menos conectado com o cérebro e com neurônios específicos e neurotransmissores. Nele, também vive uma grande quantidade de micro-organismos. Juntos, eles formam a chamada “microbiota”.

Trata-se de uma série de bactérias (mais numerosas do que nossas próprias células) que nos ajudam na digestão, no combate a outros patógenos e em muitos outros processos.

Muitas pessoas já constataram que estar estressado (por ter que falar em público ou fazer uma prova) nos predispõe, não só de forma aguda, mas também crônica, a vômitos, náuseas, diarreia ou constipação.

Na verdade, como é evidente, os sintomas seguem o estímulo estressante (que, às vezes, não precisa ser negativo). Há até uma expressão muito particular para definir estar apaixonado: “sentir borboletas no estômago”.

A ansiedade e a depressão são os dois representantes mais claros dos problemas de estado de espírito. Na verdade, é um dos motivos mais frequentes de consulta não só na clínica psiquiátrica, como também na atenção primária. A depressão é cada vez mais frequente, e é um dos principais problemas de saúde pública.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) — e este já era o caso anos antes da pandemia —, será o principal problema de saúde do mundo em 2030.

Nas últimas duas décadas, foram apresentadas inúmeras evidências científicas, em modelos animais e em humanos, indicando que quando um indivíduo sofre estresse, ocorre uma alteração no intestino e a composição da microbiota pode, inclusive, ser modificada.

Inversamente, a alteração experimental da microbiota também pode induzir mudanças comportamentais. Sabemos que o cérebro influencia a microbiota a partir de estudos nos quais foi demonstrado que o estresse nos estágios iniciais da vida diminui a concentração de Lactobacillus e faz emergir a concentração de bactérias patogênicas ao romper o equilíbrio fisiológico entre as diferentes populações de microrganismos.

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