Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de maio de 2025
Mais de 70% da população brasileira não possui renda suficiente para arcar com o custo de uma cesta básica ideal, estimada em R$ 432 por pessoa. O dado alarmante foi divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto Pacto Contra a Fome na mais recente edição do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos.
Elaborada pelo NEBIN (Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição), a cesta considera critérios de alimentação adequada e valor nutricional. Em abril de 2025, o valor representava 21,4% da renda média per capita do país, calculada em R$ 2.020, segundo dados da PNAD Contínua divulgados no dia 8 deste mês.
O levantamento revela ainda que mais de 10% da população — cerca de 21,7 milhões de brasileiros — vive com uma renda mensal inferior ao custo total da cesta.
“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias. Sem monitoramento contínuo e políticas públicas efetivas e baseadas em evidências, o enfrentamento da insegurança alimentar segue ineficaz”, afirma Ricardo Mota, gerente de inteligência estratégica do Pacto Contra a Fome.
Inflação dos alimentos pesa mais para os pobres
O boletim também aponta para a retomada da alta nos preços dos alimentos em abril. O grupo Alimentação e Bebidas registrou inflação de 0,82% no mês, impulsionado por aumentos expressivos nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) — itens que tiveram forte impacto no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
No mesmo período, o índice geral ficou em 0,43%, evidenciando o peso desproporcional da inflação alimentar sobre o custo de vida, especialmente para as famílias de menor renda.
Apesar de quedas em produtos como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%), os alimentos essenciais e in natura — mais suscetíveis a variações climáticas e sazonais — continuam a pressionar os preços.
De acordo com o estudo, o impacto da inflação alimentar sobre famílias vulneráveis pode ser até 2,5 vezes maior do que sobre as de alta renda.