Sexta-feira, 27 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de junho de 2025
A história da civilização é marcada pelo surgimento e modificação de diferentes modelos familiares, comportamentais e sociais. Idealmente, a humanidade deveria evoluir no sentido de buscar maior harmonia, tornando menos conflituosa a vida comunitária e facilitando a realização e evolução dos indivíduos.
Um tema que sempre gerou (e continua gerando) reflexão é a felicidade. Mesmo considerado o “avanço” da civilização, a discussão e o interesse parece não perder o sentido no tempo. Pelo contrário. Na atualidade, talvez mais do que nunca, há uma incessante busca pela felicidade, o que sugere que os padrões estabelecidos, independentemente de quais sejam, não propiciam que as pessoas se sintam plenamente felizes… se é que é possível alcançar essa condição de forma definitiva. Aliás, é praticamente consenso entre os especialistas que a felicidade permanente não existe.
Na verdade, a regra parece ser justamente oposta: na maior parte da vida não vivemos em constante felicidade. Vivemos dores, frustações e dificuldades pessoais e profissionais. Não somos naturalmente felizes. Devemos, obviamente, buscar a felicidade, mas conscientes que se trata de saber aproveitar a jornada, as pequenas realizações e todas as conquistas, ainda que intercaladas por momentos difíceis.
A nossa resiliência mental é fundamental para enfrentarmos e superarmos os percalços da vida, o que interfere e influencia diretamente no nosso bem estar. Em alguma medida, a felicidade pode ser entendida como a capacidade de suportarmos a infelicidade que, de tempos em tempos, nos aflige, independentemente se por razões íntimas ou fatores externos.
No âmbito das relações familiares, frases clássicas, ainda que contenham um desejo verdadeiro, tais como, “sejam felizes para sempre”, “até que a morte os separe”, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, acabam por minimizar os desafios cotidianos e a importância de colocarmos energia para mantermos nossos planos e sonhos. Objetivamente, nossa felicidade e bem estar são função direta das nossas atitudes e da forma como encaramos o mundo. Ainda que essa seja uma verdade, não raro temos a tendência de culpar terceiros por nossa infelicidade e frustrações.
O caminho para a felicidade passa pelo autoconhecimento, por estarmos realmente dispostos e comprometidos com a nossa saúde mental.
Na era das redes sociais, onde todos exibem vidas perfeitas, a felicidade parece ser um troféu que deve ser exibido. A felicidade deixou de ser algo a ser vivido, para se tornar algo a ser mostrado, mesmo que com filtros e poses irreais, por vezes mascarando uma imensa infelicidade.
Não há dúvida que a felicidade não é igual para todos e não é um fim em si mesmo. Afinal, como diz a canção: “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”. Seja como for, é preciso entender que a forma como encaramos a vida, como assumimos as responsabilidades por nossas escolhas e a vontade de persistir, apesar dos infortúnios que enfrentamos, são fundamentais para uma vida boa.
A felicidade precisa ser cobiçada, mas, fundamentalmente, precisa ser cultivada e cuidada por meio de escolhas conscientes, além de constante investimento e, por essa razão, aceitarmos que somos naturalmente infelizes, pode ser a libertação para a conquista de uma vida feliz, desejo absoluto da humanidade.
* Bertha Veppo – advogada