Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de julho de 2025
O céu de Lisboa “engarrafou”. E a culpa foi dos ricaços brasileiros interessados como nunca em discussões jurídicas de alto nível. Por causa do “Gilmarpalooza”, o Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que começou nessa quarta-feira (2) e vai até esta sexta (4), não foram poucos os jatinhos dos brasileiros milionários, bilionários e poderosos que não conseguiram pousar no Aeroporto Internacional de Lisboa.
Faltaram slots, ou seja, as autorizações para pousar (ou decolar) nos grandes aeroportos.
A solução — sempre se arranja uma — foi conseguir aterrissar em dois outros aeroportos vizinhos, o de Cascais e o no Aeroporto Internacional de Faro, no Algarve.
Para participar do evento, parte dos participantes terá despesas pagas com recursos públicos, como passagens e diárias. A organização do encontro afirma que não custeará gastos de convidados.
O fórum tem cerca de 400 palestrantes e mais de 2.500 inscritos para acompanhar os debates, somando políticos, ministros, empresários, desembargadores e advogados, entre outros.
Ao menos 45 integrantes do governo federal viajaram a Lisboa — muitos deles são secretários e assessores de ministérios, além de diretores de agências e outros órgãos de governo.
Os ministros Camilo Santana (Educação), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Márcio França (Empreendedorismo) e Ricardo Lewandowski (Justiça) confirmaram presença. Ao menos dez ministérios enviaram representantes, entre titulares de pastas, secretários e auxiliares.
Antes de chegar a Lisboa, Lewandowski participou do Seminário de Verão da Universidade de Coimbra. A assessoria do ministro disse que ele e a comitiva viajariam a convite do Instituto de Pesquisa e Estudos Jurídicos Avançados, que organiza o seminário.
A agenda dele também inclui eventos na Espanha e na França, sem despesas públicas com passagens e diárias, diz o ministério.
Em nota, a pasta de Márcio França afirma que os gastos da viagem seriam custeados de acordo com a legislação. No caso do MEC, as despesas ficaram por conta da pasta, diz a assessoria.
A Advocacia-Geral da União, por sua vez, declarou que as passagens e diárias do ministro seriam pagas pelo evento, o que contradiz a afirmação da organização de que as instituições envolvidas não pagariam gastos de convidados.
Além de Gilmar, o fórum anunciou as presenças dos ministros do STF Alexandre de Moraes, André Mendonça, Flávio Dino e Luís Roberto Barroso, presidente da Corte. O tribunal afirmou, em nota, que não custearia passagens ou diárias de ministros e que eventuais gastos com seguranças serão divulgados no Portal da Transparência.
Gilmar é sócio-fundador do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), centro de ensino que é um dos organizadores do evento e que tem o filho do ministro, Francisco Mendes, como dirigente. A FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa também são organizadoras. (Com informações do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo e da Folha de S.Paulo)