Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de agosto de 2025
O coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira (13), durante acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), que recebeu “diretamente” do ex-presidente um pedido de monitoramento de autoridades no final de dezembro de 2022. Câmara, no entanto, negou que o pedido tivesse relação com a operação chamada de Punhal Verde Amarelo.
O plano Punhal Verde Amarelo previa o monitoramento e até o assassinato de autoridades como o relator da ação penal da trama golpista no STF, ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O tenente-coronel Mauro Cid, que é delator e participou da acareação, também afirmou que não ficou sabendo que o coronel Marcelo Câmara tivesse qualquer conhecimento sobre o monitoramento realizado para a citada operação, que previa o assassinato das autoridades.
Segundo a ata da acareação, “a defesa do réu Marcelo Câmara solicitou que fosse esclarecido que, em relação ao segundo momento, monitoramento no final de dezembro, não há nenhuma relação com a citada operação ‘Punhal Verde e Amarelo’ , e esse monitoramento foi solicitado diretamente pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”.
O documento registrou ainda que Marcelo Câmara expôs que “o monitoramento que realizava sempre era pontual com finalidade de ‘acertar agendas’ e que jamais esses monitoramentos foram realizados para qualquer operação”.
Na delação, Mauro Cid afirmou que Bolsonaro pediu o monitoramento de Moraes por desconfiar da delação do ministro do STF com o então vice-presidente e senador Hamilton Mourão. A acareação ainda tratou sobre a chamada minuta golpista, documento que previa medidas contra a ordem democrática para reverter o resultado das eleições — como a instalação de um Estado de Sítio e prisão de autoridades.
Cid ressaltou que não afirmou na delação à PF que o documento com teor golpista que Marcelo Câmara teria tido acesso era o mesmo que o ex-assessor internacional Filipe Martins teria apresentado a Bolsonaro.
“Que o réu colaborador confirmou o depoimento dado anteriormente como informante do juízo, porém esclareceu que ao se referir ao conhecimento que o réu Marcelo Câmara tinha sobre a tramitação de uma minuta de decreto no Palácio, não quis afirmar que essa minuta era aquela apresentada por Filipe Martins ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro”.
Braga Netto
A defesa do ex-ministro Walter Braga Netto apresentou nesta quarta ao Supremo, suas alegações finais na ação penal da trama golpista. Os advogados do general da reserva pediram para ele ser absolvido dos cinco crimes pelos quais é acusado, incluindo o de tentativa de golpe de Estado.
O texto elenca o que eles consideram como uma série de nulidades da investigação, como a falta de “competência” do STF para julgar o caso e a “suspeição” do ministro relator Alexandre de Moraes.
Além disso, os defensores afirmam que o general foi vítima do chamado “document dump”, quando há impossibilidade de se analisar em tempo hábil um “gigantesco e desordenado volume de documentos digitais”. Segundo os advogados, os autos contém um total de 80 TB de arquivos, o que equivaleria a quase “44 bilhões de páginas” para serem analisadas.
Os advogados pediram ainda o cancelamento do acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid sob o argumento de que ele contém uma série de “vícios”, como a falta de “voluntariedade do delator” e “coação” por parte da Polícia Federal.