Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 4 de dezembro de 2025
A ex-alta representante para Assuntos Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, foi detida pela polícia belga como parte de uma investigação sobre uma suposta fraude ligada à contratação de um programa de treinamento financiado pelo bloco europeu. Mogherini, que chefiou a diplomacia da União Europeia entre 2014 e 2019 e que atualmente ocupa o cargo de diretora do Colégio da Europa, está entre as três pessoas detidas no âmbito da operação. Também foram detidos o vice-diretor da instituição e Stefano Sannino, ex-secretário-geral do Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS).
A investigação, conduzida pelo Escritório do Procurador Público Europeu (EPPO), concentra-se na chamada “Academia Diplomática da União Europeia”, um curso de formação com duração de nove meses voltado para jovens diplomatas dos Estados-membros. O programa foi contratado pelo EEAS e executado pelo Colégio da Europa no período de 2021 a 2022.
De acordo com o EPPO, há suspeitas de que informações confidenciais relativas ao processo de licitação tenham sido repassadas de forma antecipada ao Colégio da Europa, o que, em tese, poderia ter garantido “vantagem indevida” à instituição. Caso essas suspeitas sejam confirmadas, as condutas podem se enquadrar em crimes como fraude em contratos públicos, corrupção, conflito de interesses e violação de segredo profissional.
A pedido dos procuradores europeus, autoridades realizaram buscas em diversos locais: no Colégio da Europa, situado em Bruges; na sede do Serviço Europeu de Ação Externa, em Bruxelas; e nas residências dos investigados. Para possibilitar a realização das diligências, as imunidades funcionais dos envolvidos foram formalmente retiradas. A Comissão Europeia confirmou a execução das operações policiais, ressaltando que elas ocorreram em cooperação com órgãos de fiscalização competentes.
A investigação teve início após uma denúncia apresentada pelo Escritório Europeu de Combate à Fraude (OLAF), que encaminhou o caso ao EPPO por se tratar de uma potencial lesão ao orçamento da União Europeia. O repasse de informações ao Ministério Público europeu seguiu os protocolos previstos para situações que envolvem fundos comunitários e possíveis irregularidades administrativas ou criminais.
As autoridades europeias enfatizaram que, até o momento, nenhuma das suspeitas foi comprovada e que o objetivo da investigação é “esclarecer os fatos”. Mesmo assim, tanto as detenções quanto a amplitude das buscas realizadas demonstram, segundo o EPPO, que os indícios iniciais são considerados suficientemente relevantes para justificar medidas cautelares. As instituições envolvidas afirmam que continuarão colaborando com as autoridades até que o processo seja concluído e todas as circunstâncias sejam devidamente apuradas. (Com informações do jornal O Globo)