Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 15 de março de 2024
O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia que a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) não havia identificado qualquer fraude na disputa eleitoral de 2022. Ainda assim, o ex-presidente manteve as críticas ao sistema eleitoral e levantou dúvidas sobre a votação.
“A respeito da fiscalização das eleições 2022 respondeu que sim; que o então presidente da República tinha ciência de que a Comissão de Fiscalização não identificou qualquer fraude nas eleições de 2022, tanto no primeiro, quanto no segundo turno”, afirmou o militar à PF.
Baptista Junior disse, ainda, que não participou, mas “ouviu que houve uma determinação para não divulgar o relatório de fiscalização do sistema eletrônico do primeiro turno de votação”. Ele informou não se recordar “quem teria falado sobre o pedido para atrasar a divulgação do relatório”.
Para dar mais transparência às eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) incluiu as Forças Armadas da lista de entidades que fiscalizaram o sistema eletrônico de votação. Ao final do processo eleitoral, os militares elaboraram um relatório que não identificou fraude. Na época, o jornal O Globo mostrou que Bolsonaro segurava a divulgação do documento depois que não foi encontrado nenhum indício de fraude.
Baptista Junior agora confirma que de fato houve uma ordem para não divulgar o relatório. Ainda em outubro de 2022, o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que o Ministério da Defesa apresentasse os documentos referentes à auditoria das urnas realizadas pelos militares. Após a divulgação do documento, o ministério publicou uma nota dizendo que o relatório não excluía “a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”.
Em seu depoimento, Baptista Junior afirmou que em uma reunião no Palácio da Alvorada após as eleições de 2022, Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, colocou as tropas que chefiava à disposição de Jair Bolsonaro.
Baptista Junior prestou depoimento, na condição de testemunha, no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado arquitetada na gestão Bolsonaro.
O ex-chefe da Força Aérea Brasileira (FAB) disse que, em um encontro com Bolsonaro e outros comandantes das Forças Armadas, afirmou que não haveria qualquer possibilidade de o então presidente permanecer no poder depois do término do mandato, em 31 de dezembro de 2022.
Baptista Junior disse que afirmou a Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para manter o então presidente no poder, seja por meio de decreto de Garantia da Lei e da Ordem, de Estado de Defesa ou de Estado de Sítio.