Quinta-feira, 06 de novembro de 2025

Ex-comandante da Marinha disse a Bolsonaro que “colocaria tropas à disposição”, afirma ex-chefe da Aeronáutica

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou em depoimento à Polícia Federal que o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, disse ao ex-presidente Jair Bolsonaro que colocaria as suas tropas à disposição do então chefe do Executivo para que ele se mantivesse no poder e impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ação envolveria uma minuta de decreto, documento que foi apresentado por Bolsonaro aos então comandantes das Forças Armadas. De acordo com o brigadeiro do ar, a reunião ocorria em um contexto no qual Bolsonaro apresentava a possibilidade de uso dos institutos jurídicos da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e do Estado de Defesa.

Baptista Júnior afirmou que a posição do almirante foi dissonante dos demais comandantes (Exército e Aeronáutica). Ele garante que informou a Bolsonaro que “não apoiaria qualquer tentativa de manutenção no poder do então Presidente da República no poder, após 1º de janeiro de 2023”.

“Que o depoente utilizou uma estratégia para ganhar tempo e evitar que o então presidente assinasse alguma medida de exceção, que subvertesse o Estado de Direito; que o depoente insistiu que não haveria qualquer justificativa para decretação dessas medidas”, informou à Polícia Federal.

O brigadeiro do ar disse ainda em depoimento que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres chegou a participar de uma reunião em que os comandantes das Forças, e que na ocasião ele buscou “pontuar aspectos jurídicos que dariam suporte às medidas de exceção (GLO e Estado de Defesa”. Segundo o militar, Torres tinha como papel assessor Bolsonaro durante a reunião “em relação às medidas jurídicas que o poder Executivo poderia adotar no cenário discutido”.

Baptista Júnior contou à PF que deixou claro a Bolsonaro em uma dessas reuniões que os institutos jurídicos levantados por ele não serviriam para mantê-lo no poder após o dia 1 de janeiro. Segundo o militar, Bolsonaro ficou assustado quando ouviu isso. O então comandante do Exército, Freire Gomes, também “tentava convencer o então presidente a não utilizar os referidos institutos”, relatou o brigadeiro do ar.

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