Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de junho de 2025
Comandante da Marinha do Brasil no governo de Jair Bolsonaro, o almirante de esquadra Almir Garnier negou, em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (10), que tenha colocado tropas à disposição do ex-presidente para uma eventual tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Garnier relatou ao ministro Alexandre de Moraes a sua versão sobre um encontro entre os chefes das Forças Armadas e Bolsonaro, realizado em 7 de dezembro de 2022.
“Isso não ocorreu. Não houve deliberações. O presidente não abriu a palavra a nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que mais pareciam preocupações e análises de possibilidade do que propriamente uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção. A única que eu percebi, que era tangível e importante, era a preocupação com a segurança pública, para a qual a GLO [Garantia da Lei e da Ordem] é o instrumento adequado dentro de certos parâmetros”, declarou o militar.
“Eu me atenho às minhas funções e responsabilidades. Às vezes, lendo alguns desses depoimentos, tenho certa dúvida de procedimentos. O senhor sabe que estamos tratando de militares. A Marinha é extremamente hierarquizada. Não vejo espaço, o Estatuto dos Militares diz que ao subordinado é dado o direito de receber por escrito uma ordem que ele receba e considere flagrantemente ilegal. Até que isso aconteça, ilações, discussões, ouvi coisas como ‘conversa de bar’. Eu era comandante da Marinha, não era assessor político do presidente. Eu me ative ao meu papel institucional”, concluiu.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Garnier foi o único integrante das Forças Armadas a aderir ao plano golpista.