Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de junho de 2025
Mesmo a longa trajetória na área da saúde não impediu a ex-ministra Nísia Trindade de ser o primeiro alvo da reforma ministerial ensaiada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sob pressão do Centrão e vivendo um processo de fritura política, a ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) enfrentou uma sequência de crises, que incluiu, por exemplo, o recorde histórico de casos e mortes por dengue no País no último ano.
A agora ex-ministra diz que sua saída da pasta foi marcada por estratégias machistas de desqualificação do seu trabalho, mas evita apontar dedos.
“Eu acho que foram tantos os atores que, como eu disse… Já falei o que devia sobre isso. Basta ver imagens, ângulos que são pegos, ideias de fragilidade, expressões nesse sentido. Mas eu me sinto uma pessoa, sobretudo, consciente no meu papel, preparada para a função que eu exerci”, declara.
“Eu diria que isso é um processo difuso na sociedade, que muitas vezes acontece sem os atores perceberem. E houve, claro, estratégias de desqualificação.”
De volta ao ambiente acadêmico, em visita ao Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo), onde assumiu a titularidade da Cátedra Olavo Setubal ao lado dos acadêmicos Alemberg Quindins e Fernando José de Almeida, Nísia conta o que tem feito desde que deixou a posição, e reluta em falar sobre o período na gestão.
“Nossa entrevista vai ser sobre a minha gestão, é um balanço de gestão?”, questiona, ao ser perguntada sobre o desabastecimento de vacinas que atingiu seis em cada dez municípios brasileiros, segundo estudo da CNM (Confederação Nacional dos Municípios).
“Esse estudo mencionado foi amplamente discutido e os dados mostram que onde houve problemas imediatamente se buscaram alternativas, outras vacinas existentes, estratégias de vacinação. Então, o Brasil avançou na vacinação durante esses dois anos”, avalia.
A ex-ministra analisa que seu período à frente da pasta foi curto, mas diz ficar contente de ter dado a sua contribuição, e deseja sucesso ao governo Lula.
Em fevereiro, à época da reforma ministerial de Lula e a consequente demissão de Nísia, o 8M, um coletivo de servidoras, alunas e colaboradoras da Fiocruz, lançou uma campanha pedindo respeito à primeira mulher à frente do Ministério da Saúde. “Rejeitamos o assédio, a desqualificação e a inferiorização permanentes de mulheres em posição de poder, e a exigência de que tenhamos condutas masculinas nos espaços de decisão”, escreveram. Com informações do jornal Folha de S.Paulo.