Segunda-feira, 23 de junho de 2025

Ex-ministro agora diz à Polícia Federal que não sabia que as joias seriam para Michelle Bolsonaro

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou que os estojos com joias vindos da Arábia Saudita ao Brasil com sua comitiva foram dados por um representante do governo saudita. Ele afirmou que as joias lhe foram entregues em pacotes fechados, embalados em papel de luxo fechados por um brasão de cera com o carimbo da família real da Arábia Saudita.

No entanto, ele disse que desconhecia o conteúdo dos pacotes até sua chegada em território nacional, e negou que em algum momento tenha sido informado de que eram joias para o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A versão exposta em seu depoimento contradiz o que ele havia dito para agentes da Receita Federal no dia do episódio, ocorrido em outubro de 2021. Em um vídeo que mostra o momento em que parte das joias foram retidas e apreendidas no Aeroporto Internacional de São Paulo, Bento, que chefiava a comitiva, afirma que elas eram para a então primeira-dama. O vídeo foi divulgado pelo site G1.

O ex-ministro depôs por meio de videoconferência, no final da manhã desta terça-feira (14), no âmbito do inquérito da PF que investiga a entrada ilegal das joias no país e as condições em que o presente foi dado.

Um conjunto de joias femininas, que estava com um assessor de Bento, foi apreendido por agentes da Receita no aeroporto e continua em poder do órgão, guardado em um depósito. O outro conjunto, de joias masculinas, está com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Linha do tempo

Bento Albuquerque foi instado pela PF a construir uma linha do tempo da entrega dos presentes. O ex-ministro relatou então que, nos três dias de missão oficial, recebeu do país uma série de outros presentes, como uma grande caixa com tâmaras, azeites e café árabe.

Segundo Bento, no último dia de evento foi oferecido um ato fechado, restrito a chefes de delegação e chefes de Estado. Ele, que já estava prestes a voltar ao Brasil, teria, então, comunicado o ministro de Energia saudita que precisaria sair mais cedo. Foi quando, segundo relato do ex-ministro, o governo saudita afirmou que enviaria “um presente”, sem especificar do que se tratava, ao hotel.

As duas caixas foram entregues fechadas, com brasão. Bento afirmou à PF que não abriu os conteúdos. Disse ainda que assinou um termo em árabe relatando o recebimento de dois volumes lacrados; que perguntou ao mensageiro do que se tratava e este respondeu que era apenas o entregador, não sabia.

Joias masculinas

A comitiva, ainda segundo o ex-ministro, havia viajado com malas de mão, e estava com dificuldade de alocar todos os presentes recebidos. Um pacote foi colocado na mala de Soeiro, então assessor de Bento, e o outro, que sabe-se ser o pacote de joias masculinas, o ex-ministro transportou em uma sacola de mão.

Ao entrarem no Brasil, Soeiro foi selecionado à inspeção na alfândega e o auditor fiscal foi abrindo os pacotes recebidos, com os presentes, quando se deparou com o embrulho luxuoso. Soeiro relatou para a PF que o auditor, de imediato disse: “Isso eu vou precisar abrir, porque parece ser joia”. Estava ali o conjunto de colar, anel, brincos e relógio avaliado em mais de R$ 16 milhões.

O assessor, então, afirmou que os presentes foram entregues ao ministro, a quem telefonou. Bento, então, retorna à alfândega.

À PF, o ex-ministro disse que citou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como destinatária das joias como dedução, mas que sempre entendeu que o destino final seria o patrimônio público do Estado, não para uso pessoal.

Bento ainda afirmou que o pacote que estava com ele foi aberto no dia seguinte, em seu gabinete e na presença de outras duas pessoas —e que assim que constatou serem joias, mandou alocar em cofre e comunicar o acervo público da Presidência, o que foi feito.

Sobre as tentativas de liberar o conjunto de joias que ficou em Guarulhos, o ex-ministro disse que seguiu orientações dadas pelos órgãos e que em nenhum momento agiu fora do manual legal. E segundo pessoa a par do depoimento, ele ressaltou que entendia que o destino era o acervo público, não o privado dos Bolsonaro.

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