Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de março de 2023
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestou depoimento nessa quinta-feira (16), no âmbito de uma ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), apresentada pelo PDT, questiona uma reunião que Bolsonaro fez com embaixadores, em julho de 2022, na qual realizou ataques sem provas às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.
O depoimento foi pedido pelo corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, para esclarecer uma minuta com teor golpista encontrada na casa de Torres.
O ex-ministro respondeu a todas as perguntas e voltou a falar que não conhece a autoria da chamada minuta do golpe. Também teria classificado o texto de “folclórico” e “lixo”. O material foi apreendido pela Polícia Federal (PF) em janeiro e tinha como objetivo decretar Estado de defesa no TSE para mudar o resultado das eleições.
Torres manteve a versão que deu em depoimento à PF, em fevereiro, de que desconhecia quem era o autor da proposta. Ele também disse que trouxe o papel para casa junto com uma pilha de outros documentos que seriam descartados e que não chegou a ler a minuta inteira, porque considerou o texto um “absurdo”. Torres também tentou isentar Bolsonaro de envolvimento no caso. Segundo ele, o então presidente não foi comunicado sobre a existência do documento.
Segundo o ex-ministro, não era comum receber esse tipo de documento enquanto esteve no governo.
Além da chamada “minuta do golpe”, o ex-ministro também foi questionado sobre a sua participação em uma “live”, em julho de 2021, em que Bolsonaro fez uma série de ataques às urnas eletrônicas. Durante a oitiva, Torres minimizou o episódio e disse que sempre respeitou o resultado das eleições.
O ex-ministro foi ouvido por videoconferência, durante cerca de 1h30. Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito que apura os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Esta é a ação mais avançada dentre as 16 que miram Bolsonaro no TSE e podem deixar o ex-presidente inelegível.
Para os advogados Walber Agra e Ezikelly Barros, que representam o PDT na ação, o depoimento do ex-ministro deixou “várias lacunas”, especialmente sobre a autoria do documento.
Para a defesa, se ele contasse de quem recebeu o documento ficaria claro que a minuta “inexoravelmente foi feita pelo então governo”. “Algo tão grave como esse fato deveria ter sido imediatamente repelido e buscado responsabilidade de quem idealizou o material.”
A defesa de Bolsonaro tentou sem sucesso, impedir que o ex-ministro da Justiça fosse ouvido nessa quinta-feira.