Quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Ex-secretária de Canoas rebate acusações e diz que eutanásia de quase 500 animais seguiu critérios técnicos

A ex-secretária do Bem-Estar Animal de Canoas, Paula Lopes, concedeu entrevista exclusiva à reportagem da TV Pampa na tarde desta quarta-feira (24). Foi sua primeira aparição pública desde que a Polícia Civil abriu uma investigação contra ela, apontando a realização de quase 500 procedimentos de eutanásia em animais durante sua gestão.

O caso provocou forte repercussão regional e mobilizou entidades de defesa dos animais. Desde que a investigação se tornou pública, há cerca de 20 dias, Paula afirma que tem se mantido em silêncio por questões de segurança, relatando ameaças recebidas.

Defesa e atualização dos números

Na entrevista, Paula Lopes confirmou os números, mas fez uma correção: de 478 para 498 eutanásias no período investigado. Ela defendeu que todos os procedimentos seguiram protocolos técnicos, com decisão final cabendo aos veterinários responsáveis e com ciência dos tutores.

“Todo procedimento acontece como em qualquer clínica veterinária. O veterinário avalia o caso, conversa com o tutor e, quando não há alternativa para aliviar o sofrimento, a eutanásia é indicada. Nunca houve decisão isolada da secretaria”, explicou.

Crescimento dos atendimentos

A ex-secretária apresentou ainda dados da pasta para rebater a tese de “extermínio indiscriminado”. Entre 2023 e 2024, foram 22.069 atendimentos, com média de 920 por mês, e 674 eutanásias (28 por mês). Em 2025, até agosto, foram 13.974 atendimentos, média de 1.747 ao mês, com 498 eutanásias, cerca de 62 mensais.

Segundo Paula, o dobro de atendimentos gerou naturalmente mais casos graves, em que a recomendação técnica era o sacrifício.

“Na gestão anterior, era um por dia. Na minha, foram dois por dia, mas em proporção ao aumento da demanda. Não se trata de querer, mas de necessidade clínica”, afirmou.

Repercussão política

Paula Lopes também levantou a hipótese de que a investigação tenha sido estimulada por motivações políticas.

“O cargo de secretário é político. Eu fui chamada pela minha trajetória de 25 anos na causa animal. Dedico metade da minha vida a salvar vidas. Como agora poderiam me acusar de simplesmente escolher quem vive ou morre? Isso não faz sentido”, disse, emocionada.

Ela ressaltou que sempre atuou em projetos de resgate, adoção e tratamento de animais, e classificou as denúncias como injustas e ligadas a disputas de poder em Canoas.

Imagens fortes e investigação em andamento

O vídeo exibido pela TV Pampa mostrou ações da Polícia Civil durante a operação, incluindo apreensão de documentos, inspeções em instalações e entrevistas com agentes da área de crimes ambientais. Também foram mostrados registros de animais em situação crítica que passaram por procedimentos na secretaria, além de dados oficiais da pasta.

A Polícia Civil segue investigando o caso para verificar se os procedimentos respeitaram todos os protocolos legais e éticos. Entidades de proteção animal acompanham de perto, e a prefeitura de Canoas já anunciou que vai revisar os fluxos internos da secretaria.

Dedicação à causa animal

Apesar da crise, Paula Lopes enfatizou sua história pessoal:

“Tenho 45 anos, 25 deles dedicados ao bem-estar animal. Abri mão de muita coisa para estar nessa área. Não faria sentido manchar uma vida inteira de trabalho agora. Continuo acreditando que cada decisão foi feita com base em ciência e respeito”, declarou.

Impacto na comunidade

O tema divide opiniões. Parte da população e entidades de proteção critica duramente os números, defendendo alternativas para evitar a eutanásia. Outros reconhecem que o aumento da procura pelos serviços públicos de saúde animal em Canoas, nos últimos anos, trouxe sobrecarga e casos de difícil solução clínica.

Enquanto as investigações seguem, o episódio expõe a complexidade da política pública voltada ao bem-estar animal e coloca em debate os limites entre responsabilidade técnica, gestão pública e pressões políticas.

📊 Números apresentados pela Secretaria de Canoas
• 2023 e 2024: 22.069 atendimentos / 674 eutanásias (média 28/mês)
• 2025 (até agosto): 13.974 atendimentos / 498 eutanásias (média 62/mês)

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