Terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Existe remédio que “bloqueia” a ressaca? Médicos explicam

As confraternizações de fim de ano costumam ser acompanhadas por maior consumo de bebidas alcoólicas. Para tentar minimizar os efeitos da ressaca, muitos recorrem a medicamentos e suplementos que prometem aliviar os sintomas ou até “proteger” o organismo. Especialistas, no entanto, alertam que não existe cura comprovada para a ressaca e que a maioria desses produtos atua apenas sobre desconfortos pontuais.

Segundo o hepatologista e professor titular de gastro-hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Raymundo Paraná, o único produto com proposta diferente lançado nos últimos anos é o Myrkl, desenvolvido no Reino Unido em 2022. O suplemento atua no intestino, metabolizando parte do álcool antes de sua absorção. Ele é composto por probióticos das espécies Bacillus subtilis e Bacillus coagulans, que transformam o álcool em água e dióxido de carbono, evitando a formação do acetaldeído — substância associada aos sintomas da ressaca.

O principal estudo sobre o produto, publicado na revista Nutrition and Metabolic Insights, indicou redução de cerca de 70% da concentração de álcool no sangue após uma semana de uso. No entanto, a pesquisa teve apenas 24 participantes e não avaliou diretamente os sintomas da ressaca, segundo a biomédica e pesquisadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), Marilia dos Reis Antunes.

Medicamentos populares no Brasil, como Engov, Epocler e sal de frutas, não interferem no metabolismo do álcool nem aceleram sua eliminação. Eles podem aliviar sintomas isolados, como dor de cabeça, azia e enjoo, mas não evitam a ressaca. A endocrinologista Carolina Castro Porto Silva Janovsky, da Unifesp, explica que a ressaca é multifatorial, envolvendo inflamação, alterações hormonais, distúrbios do sono, hipoglicemia e desidratação.

A principal recomendação segue sendo a prevenção: comer antes de beber, ingerir álcool lentamente, manter a hidratação e dormir bem. “Não há antídoto comprovado. Um comprimido isolado dificilmente resolve”, afirma Janovsky.

Especialistas também alertam para o uso de paracetamol após o consumo de álcool, pois a combinação pode aumentar a toxicidade hepática. Além disso, a associação de álcool com energéticos ou certos medicamentos pode agravar problemas cardíacos.

Do ponto de vista fisiológico, a ressaca ocorre porque o álcool é metabolizado no fígado e convertido em acetaldeído. O processo de eliminação pode levar de seis a 12 horas. “Não há como encurtar esse período”, afirma Paraná. Para os especialistas, a forma mais eficaz de evitar os efeitos da ressaca é a moderação ou a abstinência.

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